Agravamento da crise sanitária frustrou a expectativa inicial
A
presidente do Conselho Nacional de Educação (CNE), Maria Helena Guimarães de
Castro, disse que é impossível prever, com algum grau de segurança, quando as
escolas e faculdades do Brasil poderão retomar as aulas presenciais.
Ao
participar de seminário virtual realizado pela Associação Brasileira de
Mantenedoras de Ensino Superior (Abmes), a presidente do órgão responsável por
formular e avaliar a política nacional setorial e assessorar o Ministério da
Educação, disse que o aumento do número de casos da covid-19 e o consequente
agravamento da crise sanitária em todo o país frustrou a expectativa inicial
dos especialistas.
“As orientações e normas que o CNE aprovou
durante 2020 sinalizavam para uma situação muito diferente da atual. Nossa
expectativa era iniciar 2021 com uma situação mais tranquila, com as escolas se
preparando para retomar as atividades presenciais, mas não é isto o que está
acontecendo”, disse Maria Helena, lembrando que colégios que anunciaram uma
retomada gradual das atividades presenciais tiveram que voltar atrás, enquanto
instituições de ensino superior mantêm a perspectiva de, na melhor das
hipóteses, só voltar a ocupar os campi universitários no segundo semestre.
“Estamos
lidando com uma agenda de planejamento imprevisível. Não sabemos quando as
escolas poderão retornar ao seu efetivo funcionamento”, reconheceu Maria Helena
ao defender que todos os profissionais que trabalham na área da educação, do ensino infantil à universidade,
sejam vacinados o quanto antes possível. “Sem isso será muito difícil
retomarmos [as atividades] com segurança”.
Já a
pneumologista e pesquisadora da Fiocruz Margareth Dalcolmo, reforçou a
importância de se priorizar a imunização dos trabalhadores do setor.
“Estou
segura de que, após vacinar os idosos e os profissionais de saúde, temos que
imunizar todo o pessoal da educação. Só assim poderemos reativar o sistema com
alguma segurança”, disse a pesquisadora após declarar que o Brasil vive, hoje,
o momento mais grave da pandemia, com o sistema de saúde exaurido e taxas de
transmissão da covid-19 muito altas.
Segundo
a especialista, para controlar a doença, além de restringir atividades em
várias regiões por, no mínimo, duas semanas, o Brasil deveria vacinar ao menos
1 milhão de pessoas por dia. Embora reconhecendo que, em outras condições, a
meta seria factível, dada a experiência e a capilaridade do Sistema Único de
Saúde (SUS), Margareth disse que o ritmo atual é condicionado pela oferta de
vacinas no mercado global
“O ritmo
de vacinação, no momento, está correto no sentido do planejamento, porque
obedece a uma oferta, e não à demanda. Ele está ocorrendo de acordo com o que
há de existente. Por isso temos que ter todas as negociações possíveis, para
termos mais vacinas”, disse a pesquisadora da Fiocruz, frisando que, no ritmo
atual, o país demoraria cerca de um ano para imunizar cerca de 70% da população
e, assim, começar a conter a disseminação do vírus – e, isso, contando com que
não surjam novas variantes do Sars-CoV-2. “E se não cobrirmos ao menos 70% da
população ainda neste semestre, teremos um 2021 ainda muito difícil”.
O
presidente da Abmes, Celso Niskier, fez coro aos palestrantes, enfatizando a
importância da imunização dos trabalhadores da educação. “O setor tem defendido
que as escolas sejam as últimas a fechar e as primeiras a reabrir. Devido ao
impacto enorme para o futuro das próximas gerações, efeitos que serão sentidos
por gerações, será necessário não só recuperarmos a aprendizagem, mas também
reprogramarmos todo o calendário”, disse Niskier.
Agência Brasil
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