sábado, 26 de dezembro de 2015

Por que não escrever?, diz menina que lê 5 livros por semana




Enquanto algumas crianças sonham com uma bola de futebol, uma boneca ou uma bicicleta de presente, Bruna Hellmeister, de Campinas (SP), brilha os olhos ao ver um livro. A garota de 8 anos tem uma biblioteca particular no quarto e já teve a oportunidade de escrever a própria obra, quando tinha apenas 6 anos.

"Eu sempre gostei de ler e escrever e aí eu pensei: Ué, por que não escrever um livro? Eu peguei meu tablet e aí meu pai estava junto. Aí eu falava e ele escrevia", conta a menina, que tem o hábito de ler até cinco livros por semana, segundo o pai.

Assim nasceu a história de um gatinho que sofre maus tratos, foge e monta uma banda para conseguir comida. "O Gatinho Branco" foi lançado em novembro deste ano e teve a apreciação da Biblioteca Nacional como obra autêntica.

Ideia como projeto de férias
“A ideia surgiu quando a escola que eu estudo deu a ideia de, nas férias, fazer um cartão postal ou alguma coisa que lembrasse as férias”, conta Bruna.

Durante as férias escolares de 2013, a história ganhou corpo enquanto a garota observava um gato branco que ficava próximo à reforma feita na sua casa.

“A gente deu o apelido de 'Inquilino' pra ele, porque ele vivia na obra”, conta a menina, que entregou a primeira versão da obra em papel sulfite para a professora Mariana Milanez, na escola.

A professora, por sua vez, confirmou o interesse da aluna pelo mundo letrado, mas não imaginava que as férias pudessem ter sido tão produtivas. 

"Ela sempre foi uma aluna muito envolvida com escrita e leitura. [Mas] foi muito impactante para mim uma aluna com essa idade escrever dessa maneira. (...) Eu fiquei muito admirada", diz.

Avaliação da Biblioteca Nacional
Apesar do orgulho pelo feito da filha, a família ficou preocupada em relação à autenticidade da história, que falava de animais músicos assim como o clássico "Músicos de Bremen", dos Irmãos Grimm, que a menina já havia lido. Neste conto, um burro, um cão, um gato e um galo, também maltratados pelos donos, decidiram abandoná-los e partir para Bremen, cidade alemã onde vivenciam momentos de liberdade.

"Por orientação de uma colega, nós mandamos o texto e a Biblioteca Nacional reconheceu como sendo uma obra autêntica e ela [Bruna] como sendo a autora a partir de agora (...). A gente fica babando”, conta orgulhoso o pai Celso Hellmeister.

Busca por ilustrador
Após a avaliação da obra, em julho de 2014, eles começaram a busca por uma pessoa que ilustrasse a história. Os pais conheciam um adolescente que tinha habilidades para desenhar e resolveram perguntar se ele faria as ilustrações.

“Ela gostou do rascunho de cara. Ele trouxe o rascunho de início e ela falou: 'Era exatamente isso que eu tinha na cabeça para ser o gatinho' (...) Nós achamos interessante, considerando que eram duas cabeças muito próximas pensando juntas”, conta a mãe, Caroline Batista.

Sucesso
A elaboração dos desenhos durou cerca de um ano até a publicação do livro e a exposição em uma vernissage, em novembro deste ano, no Centro de Ciências, Letras e Artes de Campinas (CCLA).

“Foi uma surpresa. Na verdade, o interesse dela pela literatura já era conhecido, mas como a coisa se moveu, [não]. Ela praticamente escreveu em uma tarde o livro", conta o pai.

A mãe conta que sempre incentivou a leitura, mas afirma que o gosto e a facilidade são naturais da garota.

“Ela se alfabetizou supercedo. Claro que a gente sempre incentivou (...) Mas é muito comum a gente ir ao shopping e ela, podendo escolher entre um livro e um brinquedo, escolher o livro”, conta Caroline.

Após o primeiro livro, a menina continua lendo e alimenta mais sonhos para o futuro: "Penso em ser uma escritora", planeja.

Do portal G1