terça-feira, 10 de novembro de 2015

A biblioteca do futuro


Escandinávia exporta conceito de espaço dedicado não apenas ao empréstimo de livros, mas também ao lazer e a serviços, além de servir como ponto de encontro. Alemanha começa a aderir à ideia.

DOKK1, na dinamarquesa Aarhus, a maior biblioteca pública da Escandinávia
Por Heike Mund (brv), na Deutsche Welle
Um burburinho em inúmeras línguas preenche uma das salas da Kölner Volkshochschule, em frente à Biblioteca Municipal de Colônia. Uma "sala de conversação" foi criada na escola para servir de ponto de encontro de refugiados e de todos aqueles que ainda precisam dominar o idioma alemão. Aqui, todos podem aproveitar gratuitamente as ofertas da Biblioteca Municipal, utilizar programas de aprendizado nos computadores ou emprestar livros e jogos.
Além de um espaço de encontro, a "sala de conversação" é palco de leituras em diversos idiomas e disponibiliza materiais didáticos em diferentes línguas. Mentores auxiliam famílias sírias, afegãs e romenas a se adaptar à cidade e à Alemanha.
A biblioteca de Colônia é reconhecida na Alemanha por suas inovações. Em 2015, ela recebeu o título de Biblioteca do Ano, por sua ousadia com projetos midiáticos e pela estratégia de transformar o local num espaço de encontros e não apenas de empréstimo de livros. A ideia não é nova: o conceito de "Makerspace" vem dos Estados Unidos e especialmente da Escandinávia. Na Finlândia e na Dinamarca, as bibliotecas públicas têm como papel serem espaços de conhecimento para todos.
Na Dinamarca, é lei que toda comunidade tenha uma biblioteca em bom estado. E para isso não há economia de verbas, como na Alemanha, por exemplo, onde muitas bibliotecas municipais já precisaram ser fechadas. Para atrair o público jovem, o Estado de bem-estar social dinamarquês criou locais vivos e atrativos, nos quais o empréstimo de livros e mídias tornou-se quase secundário.
Além de livros, DOKK 1 oferece opções de lazer para crianças e adultos
Mais que livros
A biblioteca DOKK 1, na dinamarquesa Aaarhus, representa o novo conceito de biblioteca: um local para todos aqueles com fome de conhecimento. A cidade industrial e portuária no sul do país será a Capital Europeia da Cultura de 2017, e, para isso, toda a zona portuária ganhou um projeto arquitetônico completamente novo. E a DOKK 1 está lá, aberta 24 horas e ponto de encontro para jovens e adultos. A transformação num centro de conhecimento foi perfeitamente bem sucedida.
Na biblioteca, não se pode apenas emprestar livros, CDs ou DVDs, mas também estender o passaporte, entregar a declaração do imposto de renda ou emitir a carteira de motorista. A maior biblioteca pública da Escandinávia, inaugurada há alguns meses, é tanto um centro de serviços para o cidadão quanto espaço de conhecimento. Enquanto esperam para serem atendidas, as pessoas leem ou estudam.
A DOKK 1 abriu a cidade de Aarhus para novas possibilidades. Tudo é gratuito e equipado com novas e modernas tecnologias, que incluem uma impressora 3D. Ali, ler romances, escutar música e jogar xadrez no computador é tão importante quanto estudar livros especializados.
Schulz: "As bibliotecas do futuro devem realmente inspirar as pessoas, mesmo sem livros"
Espaços inspiradores
"As bibliotecas do futuro devem realmente inspirar as pessoas, mesmo sem livros", constata Knud Schulz, diretor-geral da DOKK 1. Foram mais de dez anos de planejamento e implementação. Por todos os lados, há espaço para encontros e trocas. Uma área para pais e filhos, sala de brincadeiras, sala de leitura com vista para o porto e zonas de silêncio para estudo dão ao local um caráter cosmopolita.
Para Schulz, o futuro está na aprendizagem ao longo de toda a vida e no intercâmbio de conhecimentos entre gerações – e este é o principal objetivo de seu trabalho na biblioteca. Até um ateliê com máquinas de costura e equipamentos profissionais faz parte da DOKK 1, mostra ele. Jovens poderiam aprender com pessoas mais velhas como consertar uma torradeira estragada em vez de comprar uma nova, acrescenta.
"O conhecimento se forma em espaços que propiciam trocas entre as pessoas", diz Schulz. Um conceito que a Biblioteca de Colônia já começou a adotar, fazendo do aprendizado uma forma de diversão.