Graça Gomes cria bancas que viram bibliotecas públicas no Rio
Por Thaís
Meinicke , na Veja Rio
Nascida em uma família humilde, cujos pais não tiveram
oportunidade de frequentar a escola, a produtora cultural Graça Gomes não
dispunha de livros em sua casa na infância.
É especialmente significativo, portanto, que hoje, aos 61
anos, formada em três faculdades, ela seja a mente por trás do projeto Praça da
Leitura. Instituído em 2002, o programa tem como objetivo disseminar o hábito
de ler através de oficinas de escrita, leitura e narração de histórias em
espaços públicos e escolas.
Há dois meses, ela deu um passo além com uma iniciativa
correlata: a Banca de Livros — são pequenas bibliotecas abertas, que emprestam
obras literárias a qualquer interessado.
“Senti a necessidade de criar algo que incentivasse a
leitura como um hábito regular. Era preciso proporcionar o acesso aos livros,
que não são baratos”, explica.
"Fico feliz em poder facilitar o acesso à leitura,
algo que eu não tive na minha infância"
Presentes em cinco locais — na Vila Olímpica de Vila
Isabel, no Morro da Babilônia, no Parque das Ruínas e em dois pontos na Vila
Olímpica da Mangueira —, as bancas funcionam de terça a sábado.
Para pegar um livro emprestado, é necessário apenas fazer
um cadastro e comprometer-se a devolvê-lo em quinze dias, período que pode ser
estendido até completar um mês.
Cada banca foi inaugurada com um acervo de 300 volumes,
de clássicos da literatura a blockbusters como os das séries Harry Potter e
Jogos Vorazes. O sucesso da iniciativa, no entanto, fez com que esse número
tivesse de ser duplicado com títulos obtidos por meio de doações.
A princípio, o projeto durará até junho de 2016, quando
acaba o contrato com o patrocinador que o viabilizou, mas a idealizadora já
estuda formas de poder estender esse prazo.
“Agora que conseguimos mudar o hábito das pessoas e incluir
a leitura na rotina desses bairros, temos um compromisso. Não podemos mais
tirar as bancas de lá”, afirma Graça, que sonha ainda em expandir a ação para
outros locais. “Fico feliz em poder facilitar o acesso à leitura, algo que eu
não tive na minha infância.”