Amazônia virando savana, fome, seca, doenças: painel de climatologistas alerta que efeitos do aquecimento global vão remodelar o mundo mesmo se a humanidade conseguir conter as emissões de gases estufa.
Um esboço de um relatório histórico do Painel Intergovernamental
sobre as Mudanças Climáticas (IPCC) – órgão consultivo da Organização das
Nações Unidas (ONU) sobre o clima – aponta que as mudanças climáticas fruto das
ações humanas devem afetar fundamentalmente a vida na Terra já nos próximos 30
anos, mesmo se as emissões de gases estufa forem contidas.
Obtido em primeira mão pela agência de notícias France
Presse, o documento, que tem 4 mil páginas, aponta riscos como extinção de
espécies, disseminação de doenças, calor insustentável à vida e colapso dos ecossistemas,
entre outros.
"O pior ainda está por vir e afetará as vidas dos
nossos filhos e netos muito mais do que as nossas", diz o relatório.
O texto só deve ser publicado em 2022 – tarde demais,
dizem alguns cientistas, para influenciar decisões na conferência da ONU deste
ano sobre o clima, a COP26, em novembro.
Nesta reportagem, você vai entender quais são os
principais impactos apontados no relatório, divididos pelo G1 em 7 eixos
temáticos. Ao final estão algumas possíveis ações de mudança listadas pelos
especialistas:
- Colapso de ecossistemas
- Extinção de espécies
- Aumento do nível e aquecimento de oceanos
- Seca
- Fome
- Doenças
- Calor extremo
1.
Colapso de ecossistemas
- Com emissões altas, a seca e os incêndios florestais
podem transformar metade da Floresta Amazônica em savana, produzindo mais
aquecimento.
- Restaurar florestas pode estocar carbono e ajudar a
reduzir a vulnerabilidade humana às mudanças climáticas. Entretanto, plantar
árvores fora das florestas naturais – como em pastagens e savanas – pode
prejudicar a biodiversidade e aumentar os riscos climáticos.
- Uma combinação de temperaturas mais elevadas, aridez
e secas significa que as temporadas de incêndios florestais em todo o planeta
serão mais longas, e as áreas com potencial de queima dobrarão de tamanho: na
tundra ártica e na floresta boreal, a área queimada aumentou nove vezes em toda
a Sibéria entre 1996 e 2015.
- Muitos ecossistemas terrestres, de água doce,
oceânicos ou costeiros estão atualmente "perto ou além" dos limites
de sua capacidade de adaptação às mudanças climáticas.
- Com um aquecimento de 2ºC – até agora, a temperatura
do planeta já aumentou em 1,1ºC –, cerca de 15% do permafrost siberiano poderia
se perder até 2100, liberando entre 36 bilhões e 67 bilhões de toneladas de carbono
do solo congelado.
- Há um risco de extinção cultural dos povos
originários do Ártico se o ambiente no qual construíram seus modos de vida e
sua história derreter.
2.
Extinção de espécies
"Mesmo com um aquecimento de 1,5º C, as condições
vão mudar além da habilidade de muitos organismos de se adaptar", destaca
o relatório.
- As taxas de extinção estão se acelerando
drasticamente e são estimadas em cerca de mil vezes mais do que antes do
impacto das atividades humanas na Terra no século passado.
- Até 54% das espécies terrestres e marinhas do mundo
estarão ameaçadas de extinção neste século, com o aquecimento de 2ºC a 3ºC com
base nos níveis pré-industriais. Espécies de montanhas e ilhas estão
particularmente em risco.
- Mesmo com o aumento de 2ºC na temperatura, animais
polares – como pinguins, focas e ursos – e áreas de rica biodiversidade – como
recifes de coral de água quente e manguezais – estarão sob ameaça severa.
- Entre 70% e 90% dos recifes de coral do mundo devem
diminuir com um aquecimento global limitado a 1,5ºC. Para além disso, eles
sofrerão "perdas mais extensas".
- Confrontados com o aumento das temperaturas, muitas
plantas e animais irão se afastar em centenas de quilômetros de seus habitats
naturais até o fim do século.
3.
Aquecimento e aumento do nível dos oceanos
- Um aumento de 1,5°C na temperatura do planeta
resultaria em um aumento de 100 a 200% na população afetada por enchentes em
Brasil, Colômbia e Argentina, 300% no Equador e Uruguai e 400% no Peru.
- No futuro mais imediato, algumas regiões – leste do
Brasil, sudeste da Ásia, o Mediterrâneo, centro da China – e as zonas costeiras
em quase todo o mundo serão atingidas por três, quatro ou mais calamidades de
uma vez: seca, ondas de calor, ciclones, incêndios florestais, inundações.
- Inundações, irão deslocar, em média, 2,7 milhões de
pessoas anualmente na África. Até 2050, mais de 85 milhões de pessoas podem ser
obrigadas a deixar suas casas na África Subsaariana devido a impactos induzidos
pelo clima.
- Em 2050, as cidades costeiras na "linha de
frente" da crise climática terão centenas de milhões de pessoas expostas
ao risco de tempestades cada vez mais frequentes e mais mortais devido à
elevação do nível dos mares.
- Pesquisas recentes mostraram que um aquecimento de
2ºC poderia levar o gelo derretido no topo da Groenlândia e no oeste da
Antártica – com água congelada suficiente para elevar os oceanos em 13 metros –
a passar do ponto de não retorno.
- A última vez que os oceanos viram os níveis de
acidificação e esgotamento de oxigênio projetados para 2100, com um cenário de
altas emissões, ocorreu cerca de 56 milhões de anos atrás.
- Ondas de calor marinhas – que podem danificar e
matar corais, florestas de algas marinhas, prados de ervas marinhas e
invertebrados – se tornaram 34% mais frequentes e 17% mais longas entre 1925 e
2016.
4. Seca
- "A água é uma das questões com que a nossa
geração vai se confrontar muito em breve. A falta de acesso a água potável
afetará nossa saúde, não só na luta pela água, mas também em doenças
relacionadas à falta de água e saneamento“, afirmou à AFP Maria Neira, diretora
do Departamento de Meio Ambiente, Mudanças Climáticas e Saúde da Organização
Mundial de Saúde (OMS).
- Interrupções no ciclo da água causarão o declínio de
cultivos básicos dependentes de chuva na África Subsaariana. Até 40% das
regiões produtoras de arroz na Índia podem se tornar menos adequadas para o
cultivo do grão.
- Até 2050, entre 31 e 143 milhões de pessoas terão
que se deslocar devido à escassez de água, questões agrícolas e ao aumento do
nível do mar na África Subsaariana, sul da Ásia e América Latina, a depender
dos níveis de emissões de carbono.
- "Haverá deslocamentos em massa, migrações em
massa e precisamos tratar tudo isso como um problema global“, disse Neira.
- Até 75% do suprimento de água subterrânea – a
principal fonte de água potável para 2,5 bilhões de pessoas – também podem ser
afetados até o meio do século.
- Embora o custo econômico dos efeitos do clima sobre
o abastecimento de água varie geograficamente, espera-se que ele reduza em 0,5%
o PIB global até 2050.
- Cerca de 350 milhões a mais pessoas morando em áreas
urbanas serão expostas à escassez de água devido a secas severas com um
aquecimento de 1,5º C, e 410 milhões com um aquecimento de 2º C.
5. Fome
- "A base da nossa saúde é sustentada por três
pilares: a comida que comemos, o acesso à água e o abrigo. Esses pilares são
totalmente vulneráveis e estão prestes a desabar“, disse à AFP Maria Neira,
diretora do Departamento de Meio Ambiente, Mudanças Climáticas e Saúde da
Organização Mundial de Saúde (OMS).
- Até 80 milhões a mais de pessoas correrão o risco de
passar fome até 2050.
- Como acontece com a maioria dos impactos climáticos,
os efeitos na saúde humana não serão sentidos da mesma forma por todos; o
esboço do relatório sugere que 80% da população sob risco de fome vive na
África e no sudeste da Ásia.
- À medida que as mudanças climáticas reduzem a
produtividade e a demanda por cultivos para biocombustíveis e florestas que
absorvem CO2 cresce, os preços dos alimentos devem aumentar em quase um terço
em meados do século, deixando mais 183 milhões de pessoas em famílias de baixa
renda à beira da fome crônica.
- Dezenas de milhões de pessoas a mais podem enfrentar
fome crônica até 2050 e 130 milhões a mais poderão experimentar a pobreza
extrema em uma década se permitirmos o aprofundamento da desigualdade.
- Na Ásia e na África, mais 10 milhões de crianças
sofrerão de desnutrição e atraso no crescimento em meados do século,
sobrecarregando uma nova geração com problemas de saúde para o resto da vida,
apesar do maior desenvolvimento socioeconômico.
- A produção global de milho já caiu 4% desde 1981
devido às mudanças climáticas, e o aquecimento induzido pela atividade humana
na África Ocidental reduziu a produção de milhete e sorgo em até 20% e 15%,
respectivamente.
- A frequência de perdas repentinas na produção de
alimentos já vem aumentando de forma constante nos últimos 50 anos.
- Entre 2015 e 2019, estima-se que 166 milhões de
pessoas, principalmente na África e América Central, tenham necessitado de
assistência humanitária devido a emergências alimentares relacionadas ao clima.
- O potencial de captura da pesca marinha – da qual
milhões de pessoas dependem como principal fonte de proteína – deve diminuir
entre 40% e 70% em regiões tropicais da África, se não houver redução na
poluição por carbono.
- O teor de proteína do arroz, trigo, cevada e batata
deve cair entre 6,4% e 14,1%, colocando cerca de 150 milhões de pessoas em
risco de deficiência de proteínas. Os micronutrientes essenciais – que já estão
em falta em muitas dietas do Sul Global – também caem com o aumento das
temperaturas.
"Se você sobrepõe os locais onde as pessoas já
passam fome com onde as safras serão mais prejudicadas pelo clima, verá que são
os mesmos lugares que já sofrem com uma elevada desnutrição", disse à AFP
a pesquisadora Elizabeth Robinson, professora de economia ambiental da
Universidade de Reading, no Reino Unido, e autora colaboradora na avaliação de
saúde global da Lancet Countdown.
6.
Doenças
Enquanto as temperaturas em elevação aumentam os
hábitats dos mosquitos, estima-se que até 2050 metade da população mundial
esteja exposta a doenças provocadas por vetores, como dengue, febre amarela e
zika.
Sem reduções significativa das emissões de carbono,
2,25 bilhões de pessoas a mais poderiam ser colocadas em risco de dengue na
Ásia, Europa e África.
Os riscos decorrentes da malária e da doença de Lyme
devem aumentar, e as mortes infantis por diarreia tendem a crescer até pelo
menos o meio do século, apesar do maior desenvolvimento socioeconômico em
países de alta incidência.
As mudanças climáticas aumentarão o peso de doenças
não transmissíveis: as doenças associadas à má qualidade do ar e à exposição ao
ozônio, por exemplo, "aumentarão substancialmente".
Haverá também maiores riscos de contaminação de
alimentos e água por toxinas marinhas, indica o relatório. Assim como a maioria
dos impactos relacionados com o clima, estas doenças irão castigar os mais
vulneráveis.
As escolhas políticas feitas agora podem reduzir essas
consequências para a saúde, mas muitas são simplesmente inevitáveis a curto
prazo, segundo o relatório.
"A Covid tornou as fissuras em nossos sistemas de
saúde extremamente visíveis", disse Stephanie Tye, pesquisadora associada
da Prática de Resiliência Climática do Instituto Mundial de Recursos, que não
esteve envolvida no relatório do IPCC.
"Os efeitos e choques das mudanças climáticas
irão sobrecarregar os sistemas de saúde ainda mais, por um período muito mais
longo e de maneiras que ainda estamos tentando compreender totalmente",
acrescentou Tye.
7.
Calor extremo
O aumento das temperaturas reduzirá a capacidade
física de trabalho, com o sul da Ásia, a África Subsaariana e partes das
Américas Central e do Sul perdendo até 250 dias de trabalho por ano até 2100.
Um adicional de 1,7 bilhão de pessoas serão expostas a
um calor severo e 420 milhões serão submetidas a ondas de calor extremas a cada
cinco anos se as temperaturas aumentarem de 1,5°C para 2°C de aquecimento.
Esse meio grau a mais na temperatura também
significará mais 420 milhões de pessoas expostas a ondas de calor extremas e
potencialmente letais.
Até 2080, de 390 a 490 milhões de moradores de cidades
na África Subsaariana, e de 940 milhões a 1,1 bilhão no sul e sudeste da Ásia
poderão enfrentar mais de 30 dias de calor extremo a cada ano.
Ações
de mudança
O IPCC destaca que muito pode ser feito para evitar os
piores cenários e nos prepararmos para os impactos que não podem mais ser
evitados – esta é a lição final.
Mas simplesmente trocar um carro a gasolina por um
modelo elétrico ou plantar bilhões de árvores para compensar o modo usual de
fazer as coisas não irá resolver o problema.
"Nós precisamos redefinir nosso estilo de vida e
consumo", alerta o documento. "Precisamos de uma mudança
transformadora em processos e comportamentos em todos os níveis: individual,
comunitário, n`os negócios, instituições e governos".
Veja
algumas ações de mudança apontadas:
Reduzir à metade o consumo de carne vermelha e dobrar
a ingestão de castanhas, frutas e vegetais poderia diminuir as emissões de
gases-estufa em até 70% até 2050 e salvar a vida de 11 milhões de pessoas até
2030.
A preservação e a restauração dos chamados
ecossistemas de carbono azul (que sequestram carbono), tais como florestas de
algas e manguezais, por exemplo, aumentam o armazenamento de carbono e protegem
contra tempestades, além de fornecer habitats para a vida selvagem, sustento
para comunidades costeiras e segurança alimentar.
"A vida na Terra pode se recuperar de uma
drástica mudança climática evoluindo para novas espécies e criando novos ecossistemas.
Os seres humanos não podem", sinaliza o relatório.
Por G1
No mecanismo de busca do site amazon.com.br, digite "Coleção As mais belas lendas dos índios da Amazônia” e acesse os 24 livros da coleção. Ou clique aqui.
No mecanismo de busca do site amazon.com.br, digite "Antônio Carlos dos Santos" e acesse dezenas de obras do autor. Ou clique aqui.
Clique aqui para acessar os livros em inglês. |
-----------
Para saber mais, clique aqui. |
Para saber mais, clique aqui. |
Coleção Greco-romana com 4 livros; saiba aqui. |
Coleção Educação e Democracia com 4 livros, saiba aqui. |
Coleção Educação e História com 4 livros, saiba mais. |
Para saber sobre a Coleção do Ratinho Lélis, clique aqui. |
Para saber sobre a "Coleção Cidadania para crianças", clique aqui. |
Para saber sobre esta Coleção, clique aqui. |
Clique aqui para saber mais. |
Click here to learn more. |
Para saber mais, clique aqui. |
Para saber mais, clique aqui. |
Para saber mais, clique aqui. |
Para saber mais, clique aqui. |
- - - -
No mecanismo de busca do site amazon.com.br, digite "Coleção As mais belas lendas dos índios da Amazônia” e acesse os 24 livros da coleção. Ou clique aqui.
No mecanismo de busca do site amazon.com.br, digite "Antônio Carlos dos Santos" e acesse dezenas de obras do autor. Ou clique aqui.
Clique aqui para acessar os livros em inglês. |
-----------
Para saber mais, clique aqui. |
Para saber mais, clique aqui. |
Coleção Greco-romana com 4 livros; saiba aqui. |
Coleção Educação e Democracia com 4 livros, saiba aqui. |
Coleção Educação e História com 4 livros, saiba mais. |
Para saber sobre a Coleção do Ratinho Lélis, clique aqui. |
Para saber sobre a "Coleção Cidadania para crianças", clique aqui. |
Para saber sobre esta Coleção, clique aqui. |
Clique aqui para saber mais. |
Click here to learn more. |
Para saber mais, clique aqui. |
Para saber mais, clique aqui. |
Para saber mais, clique aqui. |
Para saber mais, clique aqui. |