Vacinas da Pfizer doadas pelos EUA devem ir para países pobres, e
Brasil fica de fora de lista beneficiados
O
governo dos Estados Unidos detalhou quais países estarão aptos a receber a
doação de 500 milhões de doses de vacinas da Pfizer que o país irá financiar, e
o Brasil não está na lista.
Na
quarta-feira, o governo Biden anunciou que doará 200 milhões de vacinas contra
a Covid neste ano, e 300 milhões no próximo, como parte de um esforço para
acabar com a pandemia globalmente. A doação é a maior já feita por qualquer
país.
Os
detalhes do plano foram apresentados na manhã desta quinta-feira em um
comunicado da Casa Branca: as vacinas irão para 92 países de renda baixa e
média-baixa e para a União Africana, de acordo com a classificação da aliança
internacional de vacinas Gavi.
O
único país da América do Sul que se classifica é a Bolívia. A maioria dos
países da lista está na África, mas há ainda alguns em outras regiões, como
Índia, Indonésia, Honduras, Haiti e Coreia do Norte.
Biden
anunciou a iniciativa em um discurso na tarde desta quinta-feira ao lado do
presidente-executivo da Pfizer, Albert Bourla. A presença do executivo é
significativa, e demonstra boas relações do governo americano com uma das
maiores empresas farmacêuticas internacionais. No mês passado, o anúncio do
governo americano de que apoiava a suspensão dos direitos de propriedade
intelectual de vacinas sucitara desagrado na indústria, crítica à medida.
As
vacinas devem começar a ser entregues já em agosto, com a distribuição sendo
organizada pelo Covax, o consórcio liderado pela Organização Mundial da Saúde,
e se prolongar durante 18 meses.
—
Nossas doações de vacinas não incluem pressão por favores ou concessões em
potencial — disse Biden, em discurso feito no Reino Unido, onde está em uma
viagem internacional. — Estamos fazendo isso para salvar vidas. Por conta de
nossa responsabilidade de salvar o maior número de vidas possível. Somos uma
nação cheia de pessoas que se esforçam em tempos de necessidade. Não somos
perfeitos, mas nos esforçarmos.
Os
500 milhões de doses são a maior doação unilateral feita por um país e
representam um significativo avanço em relação ao que os Estados Unidos tinham
se comprometido a doar até agora. Ainda assim, estão muito aquém das 11 bilhões
de doses que as estimativas da Organização Mundial da Saúde consideram
necessárias para vacinar o mundo.
Na
semana passada, os Estados Unidos anunciaram a doação imediata de 25 milhões de
vacinas, a serem seguidas por outras 55 milhões de doses até o fim do mês.
Antes do mais recente anúncio de Biden, a iniciativa Covax já planejava enviar
1,8 bilhão de doses para os 92 países mais pobres do planeta até o início do
ano que vem. Até o momento, o consórcio conseguiu distribuir apenas 79,8
milhões de vacinas, segundo dados do Unicef.
No
comunicado, a Casa Branca descreve a iniciativa como “uma ação histórica que
ajudará a turbinar a luta global contra a pandemia. Esta é a maior compra e
doação de vacinas já feita por um único país e um compromisso do povo americano
de ajudar a proteger as pessoas ao redor do mundo contra a Covid-19”.
A
nota acrescenta que “Biden também fará um apelo às democracias mundiais para
que façam sua parte contribuindo para o fornecimento global de vacinas seguras
e eficazes. O objetivo da doação de hoje é salvar vidas e acabar com a
pandemia. Ela fornecerá a base para ações adicionais a serem anunciadas nos
próximos dias”.
Biden
está na Europa para uma viagem de oito dias, onde tem várias reuniões marcadas,
incluindo uma cúpula do G-7 nesta sexta e um encontro com Vladimir Putin, na
próxima semana. Segundo a Bloomberg, os líderes do Grupo dos Sete devem
anunciar nos próximos dias, em uma iniciativa correlata, a promessa de
distribuir pelo menos 1 bilhão de doses extras de vacinas no próximo ano, com o
objetivo de acabar com a pandemia até dezembro de 2022.
Veja a lista de países
elegíveis:
Renda
baixa: Afeganistão, Benin, Burkina Faso, Burundi, República Centro-Africana,
Chade, República Democrática do Congo, Eritreia, Etiópia, Gâmbia, Guiné,
Guiné-Bissau, Haiti, Coreia do Norte, Libéria, Madagáscar, Malawi , Mali,
Moçambique, Nepal, Níger, Ruanda, Serra Leoa, Somália, Sudão do Sul, Síria,
Tajiquistão, Tanzânia, Togo, Uganda, Iêmen.
Renda
média-baixa: Angola, Argélia, Autoridade Nacional Palestina (Cisjordânia e
Gaza), Bangladesh, Butão, Bolívia, Cabo Verde, Camboja, Camarões, Comores,
Congo, Costa do Marfim,Djibouti, Egito, El Salvador, Gana, Honduras, Índia,
Indonésia, Ilhas Salomão, Kiribati, Lesoto, Mauritânia, Micronésia, Moldávia,
Mongólia, Marrocos, Mianmar, Nicarágua, Nigéria, Paquistão, Papua Nova Guiné,
Quênia, Quirguistão, São Tomé e Príncipe, Senegal Sri Lanka, Suazilândia,
Sudão, Timor-Leste, Tunísia, Ucrânia, Uzbequistão, Vanuatu, Vietnã, Zâmbia,
Zimbábue.
Outros
países: Dominica, Fiji, Grenada, Guiana, Kosovo, Maldivas, Ilhas Marshall,
Samoa, Santa Lúcia, São Vicente e Granadinas, Tonga, Tuvalu.
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