No papel da dançarina Sally Bowles, a atriz americana ganhou fama mundial no filme "Cabaret". Em seu 70º aniversário, a filha de Judy Garland e Vincente Minnelli afirma que repetiria "odos os seus erros.
A dançarina Sally Bowles do musical Cabaret, dirigido por Bob Fosse e lançado em 1972, conquistou o coração do público do dia para a noite. O papel também garantiu a Liza Minnelli o Oscar de melhor atriz.
Mas o que parecia uma carreira de sonho foi, na realidade, mais o resultado de um trabalho árduo do que da possível influência de seus genitores. Dizem os boatos que ela se apresentou e foi recusada em 20 audições na Broadway para o musical baseado no livro do britânico Christopher Isherwood, antes de conseguir o papel no filme.
Uma adolescente em Nova York
Filha da atriz Judy Garland e do diretor Vincente Minnelli, Liza veio ao mundo em 12 de março de 1946, em Los Angeles. Ela cresceu na fábrica de sonhos de Hollywood e no fascinante mundo americano dos espetáculos. E neste sábado (12/03) completa 70 anos.
Seus pais se separaram em 1951. A partir daí, compartilharam a educação da filha de formas muito diferentes. Consta que ela tenha dito: "Herdei minha ambição de minha mãe e meus sonhos, do meu pai". Com tantas mudanças de casa e de escola, nunca conseguiu terminar o ensino médio. Em vez disso, iniciou timidamente a carreira com apresentações ao lado da mãe e visitas às locações de filmagem do pai.
Em Nova York, ainda adolescente, Liza Minnelli iniciou a carreira teatral. A jovem com intenso olhar sonhador impressionou no musical Best foot forward. Em 1964, foi lançado o seu primeiro álbum soloLiza! Liza!. Com Flora, the red menace, de 1965, recebeu o Prêmio Tony de melhor intérprete de musical.
Papel da vida
Na época, recusava com autoconfiança ofertas para suaves filmes musicais e tentava a sorte como atriz séria. E convenceu Hollywood como a personagem Pookie Adams de Os anos verdes, dirigido por Alan J. Pakula (1969), que lhe valeu uma primeira indicação para o Oscar.
E então veio o papel de sua vida: de cabelos à la garçonne, sombra de olhos escura, atingiu fama mundial como Sally Bowles, a artista de variedades de Cabaret, que canta músicas decadentes e sensuais, e sonha com uma carreira de atriz. Um papel com que Liza Minnelli também se identificava na vida pessoal. Desde então, canções como Maybe this time eCabaretpassaram a integrar seu repertório obrigatório.
Os seus três filmes seguintes não agradaram nem à crítica nem ao público. Somente a canção-título interpretada por ela em New York, New Yorkficou conhecida, tornando-se sucesso mundial na voz de Frank Sinatra em 1979, assim como hino não oficial da cidade de Nova York.
A vida é um cabaret
O lugar predileto de Liza é o palco, onde ela desfruta o contato direto com o público e a atmosfera ao vivo. Ao cantar, ela também emprega seu talento interpretativo, "encarnando" as músicas, como em 1972, no show Liza com Z. Os concertos se tornaram um polo de estabilidade importante, numa vida marcada por altos e baixos, com vários casamentos fracassados, drogas e álcool.
A atriz teve quatro matrimônios e se divorciou o mesmo número de vezes. Sua lista de doenças e operações é, no mínimo, tão longa quanto a de seus filmes: diversas cirurgias de joelho, ambas as articulações do quadril foram substituídas por próteses, além de uma encefalite tão grave que os médicos lhe prognosticaram uma vida de paraplégica.
Ela também lutou e luta até hoje contra o alcoolismo, drogas e obesidade. Graças ao Centro Betty Ford, uma clínica de reabilitação para dependentes de narcóticos e álcool na Califórnia, a que recorreu pela primeira vez em 1984, ela pôde continuar sua carreira. Foi o início de um grande retorno. Há um ano, se internou novamente numa clínica de reabilitação.
Atualmente Liza Minnelli vive longe da esfera vida pública, de forma bastante reservada e aparenta fragilidade. A vida deixou suas marcas. Mas, como já enfatizou muitas vezes, ela não se arrepende de nada: "A vida é mesmo como um cabaret: nunca se sabe o que está por vir ou se vai ser bom. Acho que repetiria todos os meus erros."
Por Jürgen Brendel na Deutsche Welle
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