sexta-feira, 25 de março de 2016

Comando e controle só têm sentido num ambiente de coordenação e criatividade



Um dos principais instrumentos do processo de mudanças é a comunicação.

Por excelência o homem é um ser comunicador. Desde o instante em que nasce depende das interações que estabelece com o outro e com o ambiente. Daí a gênese de todas as suas realizações, inclusive das ações e iniciativas que objetivam a sobrevivência. Comunicação e Inovações acabam estabelecendo relações vitais de interdependência.

E esta relação será tanto mais qualitativa quanto mais intensamente se processar o aporte de novas tecnologias.

As tecnologias constituem a marca, o ponto de inflexão das curvas que registram os avanços ocorridos na história da humanidade. Representam não o escopo, o contorno simplesmente, a carapaça, e sim a essência, a alma, os conteúdos das mudanças.

Além deste aspecto de se enquadrar como substância, as novas tecnologias pulverizam os custos, fazendo-os despencar, principalmente os referentes à comunicação. Nas ultimas décadas, as novas tecnologias digitais tem dado saltos estratosféricos, apresentando um desenvolvimento performático que chega a assustar. As novas tecnologias digitais têm ampliado o universo de pessoas que passam a acessar um conjunto maior de informações, insumo estratégico para dar às decisões a qualidade que os tempos exigem.

Nesse sentido, quanto mais a economia se vincula ao conhecimento e à inovação, mais a descentralização sedimenta espaço nas instituições. Como as informações são democratizadas, mais pessoas se habilitam ao processo gerencial. Enquanto no passado as condições exigiam um colegiado para a tomada de determinadas soluções, hoje esse colegiado, em muitos casos, se torna desnecessário e a decisão passa a ser atributo de uma só pessoa. A diferença é que esta condição não mais significa um privilégio, mas uma normalidade oriunda dos novos cenários. A centralização só avança em setores em que a economia de escala e a padronização figuram como componentes estruturais.

Por muitos séculos o gestor e o empreendedor acostumaram-se a adotar como paradigmas do modelo administrativo o comando e o controle. Dessa forma certificava-se que modo a trajetória concebida estava sendo observada.

Os novos tempos estão a exigir não a substituição desses paradigmas e sim sua conformação a um contexto mais abrangente e adequado à modernidade. Talvez este contexto seja ancorado por políticas e diretrizes de coordenação aliadas a políticas e diretrizes de estímulo à criatividade.

A coordenação é um componente intrínseco à administração. Implica em organizar, compatibilizar e interagir os recursos disponíveis, segundo certa ordem e método, objetivando a consecução de uma meta previamente traçada.

Já a criatividade deve ser compreendida não somente como o fenômeno que engendra a própria existência e sua mantenedora, as inovações. Mas principalmente por formatar o substrato onde vicejam a mobilização, o engajamento, os compromissos, a capacidade de dar utilização racional à matriz onde interagem oportunidades e ameaças.

É um novo contexto, um contexto em que as instituições, para adquirir maior competitividade, rompem com os marcos auto-suficientes da cadeia do comando e do controle, não para dispensá-los e sim para inseri-los numa cadeia mais ampla e promissora, a cadeia em que a coordenação e a criatividade ocupam o topo da pirâmide.

Antônio Carlos dos Santos -  ©Quasar K+ de Planejamento Estratégico; ©ThM-Theater Movement; e ©Teatro Popular Mané Beiçudo.

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