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“O desenvolvimento de interesses e hábitos
permanentes de leitura é um processo constante, que principia no lar,
aperfeiçoa-se sistematicamente na escola e continua pela vida afora.”
Bamberger
Resumo
Reconhecer a importância da literatura infantil e
incentivar a formação do hábito de leitura na idade em que todos os hábitos se
formam, isto é, na infância, é o que este artigo vem propor. Neste sentido, a
literatura infantil é um caminho que leva a criança a desenvolver a imaginação,
emoções e sentimentos de forma prazerosa e significativa. O presente estudo
inicia com um breve histórico da literatura infantil, apresenta conceitos de
linguagem e leitura, enfoca a importância de ouvir histórias e do contato da
criança desde cedo com o livro e finalmente esboça algumas estratégias para
desenvolver o hábito de ler.
Palavras-chave: Educação, Literatura Infantil, Leitura,
Desenvolvimento da criança.
Introdução
O estudo realizado tem por objetivo, verificar a
contribuição da literatura infantil no desenvolvimento social, emocional e
cognitivo da criança. Ao longo dos anos, a educação preocupa-se em contribuir
para a formação de um indivíduo crítico, responsável e atuante na sociedade.
Isso porque se vive em uma sociedade onde as trocas sociais acontecem
rapidamente, seja através da leitura, da escrita, da linguagem oral ou visual.
Diante disso, a escola busca conhecer e desenvolver na
criança as competências da leitura e da escrita e como a literatura infantil
pode influenciar de maneira positiva neste processo. Assim, Bakhtin (1992)
expressa sobre a literatura infantil abordando que por ser um instrumento
motivador e desafiador, ela é capaz de transformar o indivíduo em um sujeito
ativo, responsável pela sua aprendizagem , que sabe compreender o contexto em
que vive e modificá-lo de acordo com a sua necessidade.
Esta pesquisa visa a enfocar toda a importância que a
literatura infantil possui, ou seja, que ela é fundamental para a aquisição de
conhecimentos, recreação, informação e interação necessários ao ato de ler. De
acordo com as idéias acima, percebe-se a necessidade da aplicação coerente de
atividades que despertem o prazer de ler, e estas devem estar presentes
diariamente na vida das crianças, desde bebês. Conforme Silva (1992, p.57)
“bons livros poderão ser presentes e grandes fontes de prazer e conhecimento.
Descobrir estes sentimentos desde bebezinhos, poderá ser uma excelente
conquista para toda a vida.”
Apesar da grande importância que a literatura exerce na
vida da criança, seja no desenvolvimento emocional ou na capacidade de
expressar melhor suas idéias, em geral, de acordo com Machado (2001), elas não
gostam de ler e fazem-no por obrigação. Mas afinal, por que isso acontece?
Talvez seja pela falta de exemplo dos pais ou dos professores, talvez não.
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O que se percebe é que a literatura, bem como toda a cultura criadora e questionadora, não está sendo explorada como deve nas escolas e isto ocorre em grande parte, pela pouca informação dos professores. A formação acadêmica, infelizmente não dá ênfase à leitura e esta é uma situação contraditória, pois segundo comentário de Machado (2001, p.45) “não se contrata um instrutor de natação que não sabe nadar, no entanto, as salas de aula brasileira estão repletas de pessoas que apesar de não ler, tentam ensinar”.
Existem dois fatores que contribuem para que a criança
desperte o gosto pela leitura: curiosidade e exemplo. Neste sentido, o livro
deveria ter a importância de uma televisão dentro do lar. Os pais deveriam ler
mais para os filhos e para si próprios. No entanto, de acordo com a UNESCO
(2005) somente 14% da população tem o hábito de ler, portanto, pode-se afirmar
que a sociedade brasileira não é leitora. Nesta perspectiva, cabe a escola
desenvolver na criança o hábito de ler por prazer, não por obrigação.
Contextualizando Literatura Infantil
Os primeiros livros direcionados ao público infantil,
surgiram no século XVIII.
Autores como La Fontaine e Charles Perrault escreviam suas obras, enfocando principalmente os contos de fadas. De lá pra cá, a literatura infantil foi ocupando seu espaço e apresentando sua relevância. Com isto, muitos autores foram surgindo, como Hans Christian Andersen, os irmãos Grimm e Monteiro Lobato, imortalizados pela grandiosidade de suas obras. Nesta época, a literatura infantil era tida como mercadoria, principalmente para a sociedade aristocrática. Com o passar do tempo, a sociedade cresceu e modernizou-se por meio da industrialização, expandindo assim, a produção de livros.
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Autores como La Fontaine e Charles Perrault escreviam suas obras, enfocando principalmente os contos de fadas. De lá pra cá, a literatura infantil foi ocupando seu espaço e apresentando sua relevância. Com isto, muitos autores foram surgindo, como Hans Christian Andersen, os irmãos Grimm e Monteiro Lobato, imortalizados pela grandiosidade de suas obras. Nesta época, a literatura infantil era tida como mercadoria, principalmente para a sociedade aristocrática. Com o passar do tempo, a sociedade cresceu e modernizou-se por meio da industrialização, expandindo assim, a produção de livros.
A partir daí os laços entre a escola e literatura começam
a se estreitar, pois para adquirir livros era preciso que as crianças
dominassem a língua escrita e cabia a escola desenvolver esta capacidade. De
acordo com Lajolo & Zilbermann, “a escola passa a habilitar as crianças
para o consumo das obras impressas, servindo como intermediária entre a criança
e a sociedade de consumo”. (2002, p.25)
Assim, surge outro enfoque relevante para a literatura
infantil, que se tratava na verdade de uma literatura produzida para adultos e
aproveitada para a criança. Seu aspecto didático-pedagógico de grande
importância baseava-se numa linha moralista, paternalista, centrada numa
representação de poder. Era, portanto, uma literatura para estimular a
obediência, segundo a igreja, o governo ou ao senhor.
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Uma literatura
intencional, cujas histórias acabavam sempre premiando o bom e castigando o que
é considerado mau. Segue à risca os preceitos religiosos e considera a criança
um ser a se moldar de acordo com o desejo dos que a educam, podando-lhe
aptidões e expectativas.
Até as duas primeiras décadas do século XX, as obras
didáticas produzidas para a infância, apresentavam um caráter ético-didático,
ou seja, o livro tinha a finalidade única de educar, apresentar modelos, moldar
a criança de acordo com as expectativas dos adultos. A obra dificilmente tinha
o objetivo de tornar a leitura como fonte de prazer, retratando a aventura pela
aventura. Havia poucas histórias que falavam da vida de forma lúdica, ou que
faziam pequenas viagens em torno do cotidiano, ou a afirmação da amizade
centrada no companheirismo, no amigo da vizinhança, da escola, da vida.
Essa visão de mundo maniqueísta, calçada no interesse do
sistema, passa a ser substituída por volta dos anos 70 e a literatura infantil
passa por uma revalorização, contribuída em grande parte pelas obras de
Monteiro Lobato, no que se refere ao Brasil. Ela então, se ramifica por todos
os caminhos da atividade humana, valorizando a aventura, o cotidiano, a
família, a escola, o esporte, as brincadeiras, as minorias raciais, penetrando
até no campo da política e suas implicações.
Hoje a dimensão de literatura infantil é muito mais ampla e importante. Ela proporciona à criança um desenvolvimento emocional, social e cognitivo indiscutíveis. Segundo Abramovich (1997) quando as crianças ouvem histórias, passam a visualizar de forma mais clara, sentimentos que têm em relação ao mundo. As histórias trabalham problemas existenciais típicos da infância, como medos, sentimentos de inveja e de carinho, curiosidade, dor, perda, além de ensinarem infinitos assuntos.
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Hoje a dimensão de literatura infantil é muito mais ampla e importante. Ela proporciona à criança um desenvolvimento emocional, social e cognitivo indiscutíveis. Segundo Abramovich (1997) quando as crianças ouvem histórias, passam a visualizar de forma mais clara, sentimentos que têm em relação ao mundo. As histórias trabalham problemas existenciais típicos da infância, como medos, sentimentos de inveja e de carinho, curiosidade, dor, perda, além de ensinarem infinitos assuntos.
É através de uma história que se pode descobrir outros
lugares, outros tempos, outros jeitos de agir e de ser, outras regras, outra
ética, outra ótica...É ficar sabendo história, filosofia, direito, política,
sociologia, antropologia, etc. sem precisar saber o nome disso tudo e muito
menos achar que tem cara de aula (ABRAMOVICH, 1997, p.17)
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Neste sentido, quanto mais cedo a criança tiver contato
com os livros e perceber o prazer que a leitura produz, maior será a
probabilidade dela tornar-se um adulto leitor. Da mesma forma através da
leitura a criança adquire uma postura crítico-reflexiva,extremamente relevante
à sua formação cognitiva.
Quando a criança ouve ou lê uma história e é capaz de
comentar, indagar, duvidar ou discutir sobre ela, realiza uma interação verbal,
que neste caso, vem ao encontro das noções de linguagem de Bakhtin (1992). Para
ele, o confrontamento de idéias, de pensamentos em relação aos textos, tem
sempre um caráter coletivo, social.
O conhecimento é adquirido na interlocução, o qual evolui
por meio do confronto, da contrariedade. Assim, a linguagem segundo Bakthin
(1992) é constitutiva, isto é, o sujeito constrói o seu pensamento, a partir do
pensamento do outro, portanto, uma linguagem dialógica.
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A vida é dialógica por natureza. Viver significa
participar de um diálogo: interrogar, escutar, responder, concordar, etc. Neste
diálogo, o homem participa todo e com toda a sua vida: com os olhos, os lábios,
as mãos, a alma, o espírito, com o corpo todo, com as suas ações. Ele se põe
todo na palavra e esta palavra entra no tecido dialógico da existência humana,
no simpósio universal. (BAKHTIN, 1992, p112)
E é partindo desta visão da interação social e do
diálogo, que se pretende compreender a relevância da literatura infantil, que
segundo afirma Coelho (2001, p.17), “é um fenômeno de linguagem resultante de
uma experiência existencial, social e cultural.”
A leitura é um processo no qual o leitor realiza um
trabalho ativo de construção do significado do texto. Segundo Coelho (2002) a
leitura, no sentido de compreensão do mundo é condição básica do ser humano.
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A compreensão e sentido daquilo que o cerca inicia-se
quando bebê, nos primeiros contatos com o mundo. Os sons, os odores, o toque, o
paladar, de acordo com Martins (1994) são os primeiros passos para aprender a
ler.Ler, no entanto é uma atividade que implica não somente a decodificação de
símbolos, ela envolve uma série de estratégias que permite o indivíduo
compreender o que lê. Neste sentido, relata os PCN’s (2001, p.54.):
Um leitor competente é alguém que, por iniciativa
própria, é capaz de selecionar, dentre os trechos que circulam socialmente,
aqueles que podem atender a uma necessidade sua. Que consegue utilizar
estratégias de leitura adequada para abordá-los de forma a atender a essa
necessidade.
Assim, pode-se observar que a capacidade para aprender
está ligada ao contexto pessoal do indivíduo. Desta forma, Lajolo (2002) afirma
que cada leitor, entrelaça o significado pessoal de suas leituras de mundo, com
os vários significados que ele encontrou ao longo da história de um livro, por
exemplo.
O ato de ler então, não representa apenas a decodificação, já que esta não está imediatamente ligada a uma experiência, fantasia ou necessidade do indivíduo. De acordo com os PCN’s (2001) a decodificação é apenas uma, das várias etapas de desenvolvimento da leitura. A compreensão das idéias percebidas, a interpretação e a avaliação são as outras etapas que segundo Bamberguerd (2003, p.23) “fundem-se no ato da leitura”. Desta forma, trabalhar com a diversidade textual, segundo os PCN’s (2001), fazendo com que o indivíduo desenvolva significativamente as etapas de leitura é contribuir para a formação de leitores competentes.
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O ato de ler então, não representa apenas a decodificação, já que esta não está imediatamente ligada a uma experiência, fantasia ou necessidade do indivíduo. De acordo com os PCN’s (2001) a decodificação é apenas uma, das várias etapas de desenvolvimento da leitura. A compreensão das idéias percebidas, a interpretação e a avaliação são as outras etapas que segundo Bamberguerd (2003, p.23) “fundem-se no ato da leitura”. Desta forma, trabalhar com a diversidade textual, segundo os PCN’s (2001), fazendo com que o indivíduo desenvolva significativamente as etapas de leitura é contribuir para a formação de leitores competentes.
A importância de ouvir histórias
Ouvir histórias é um acontecimento tão prazeroso que
desperta o interesse das pessoas em todas as idades. Se os adultos adoram ouvir
uma boa história, um “bom causo”, a criança é capaz de se interessar e gostar
ainda mais por elas, já que sua capacidade de imaginar é mais intensa.
A narrativa faz parte da vida da criança desde quando
bebê, através da voz amada, dos acalantos e das canções de ninar, que mais
tarde vão dando lugar às cantigas de roda, a narrativas curtas sobre crianças,
animais ou natureza. Aqui, crianças bem pequenas, já demonstram seu interesse
pelas histórias, batendo palmas, sorrindo, sentindo medo ou imitando algum
personagem. Neste sentido, é fundamental para a formação da criança que ela
ouça muitas histórias desde a mais tenra idade.
O primeiro contato da criança com um texto é realizado oralmente, quando o pai, a mãe, os avós ou outra pessoa conta-lhe os mais diversos tipos de histórias. A preferida, nesta fase, é a história da sua vida. A criança adora ouvir como foi que ela nasceu, ou fatos que aconteceram com ela ou com pessoas da sua família. À medida que cresce, já é capaz de escolher a história que quer ouvir, ou a parte da história que mais lhe agrada. É nesta fase, que as histórias vão tornando-se aos poucos mais extensas, mais detalhadas.
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O primeiro contato da criança com um texto é realizado oralmente, quando o pai, a mãe, os avós ou outra pessoa conta-lhe os mais diversos tipos de histórias. A preferida, nesta fase, é a história da sua vida. A criança adora ouvir como foi que ela nasceu, ou fatos que aconteceram com ela ou com pessoas da sua família. À medida que cresce, já é capaz de escolher a história que quer ouvir, ou a parte da história que mais lhe agrada. É nesta fase, que as histórias vão tornando-se aos poucos mais extensas, mais detalhadas.
A criança passa a interagir com as histórias, acrescenta
detalhes, personagens ou lembra de fatos que passaram despercebidos pelo
contador. Essas histórias reais são fundamentais para que a criança estabeleça
a sua identidade, compreender melhor as relações familiares. Outro fato
relevante é o vínculo afetivo que se estabelece entre o contador das histórias
e a criança. Contar e ouvir uma história aconchegado a quem se ama é
compartilhar uma experiência gostosa, na descoberta do mundo das histórias e
dos livros.
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Algum tempo depois, as crianças passam a se interessar
por histórias inventadas e pelas histórias dos livros, como: contos de fadas ou
contos maravilhosos, poemas, ficção, etc. Têm nesta perspectiva, a
possibilidade de envolver o real e o imaginário que de acordo com Sandroni
& Machado (1998, p.15) afirmam que “os livros aumentam muito o prazer de
imaginar coisas. A partir de histórias simples, a criança começa a reconhecer e
interpretar sua experiência da vida real”.
É importante contar histórias mesmo para as crianças que
já sabem ler, pois segundo Abramovich (1997, p.23) “quando a criança sabe ler é
diferente sua relação com as histórias, porém, continua sentindo enorme prazer
em ouvi-las”. Quando as crianças maiores ouvem as histórias, aprimoram a sua
capacidade de imaginação, já que ouvi-las pode estimular o pensar, o desenhar,
o escrever, o criar, o recriar.
Num mundo hoje tão cheio de tecnologias, onde
as informações estão tão prontas, a criança que não tiver a oportunidade de suscitar
seu imaginário, poderá no futuro, ser um indivíduo sem criticidade, pouco
criativo, sem sensibilidade para compreender a sua própria realidade.
Portanto, garantir a riqueza da vivência narrativa desde os primeiros anos de vida da criança contribui para o desenvolvimento do seu pensamento lógico e também de sua imaginação,que segundo Vigotsky (1992, p.128) caminham juntos: “a imaginação é um momento totalmente necessário, inseparável do pensamento realista.”. Neste sentido, o autor enfoca que na imaginação a direção da consciência tende a se afastar da realidade. Esse distanciamento da realidade através de uma história por exemplo, é essencial para uma penetração mais profunda na própria realidade: “afastamento do aspecto externo aparente da realidade dada imediatamente na percepção primária possibilita processos cada vez mais complexos, com a ajuda dos quais a cognição da realidade se complica e se enriquece. (VIGOTSKY, 1992, p.129) ”.
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Portanto, garantir a riqueza da vivência narrativa desde os primeiros anos de vida da criança contribui para o desenvolvimento do seu pensamento lógico e também de sua imaginação,que segundo Vigotsky (1992, p.128) caminham juntos: “a imaginação é um momento totalmente necessário, inseparável do pensamento realista.”. Neste sentido, o autor enfoca que na imaginação a direção da consciência tende a se afastar da realidade. Esse distanciamento da realidade através de uma história por exemplo, é essencial para uma penetração mais profunda na própria realidade: “afastamento do aspecto externo aparente da realidade dada imediatamente na percepção primária possibilita processos cada vez mais complexos, com a ajuda dos quais a cognição da realidade se complica e se enriquece. (VIGOTSKY, 1992, p.129) ”.
O contato da criança com o livro pode acontecer muito
antes do que os adultos imaginam. Muitos pais acreditam que a criança que não
sabe ler não se interessa por livros, portanto não precisa ter contato com
eles. O que se percebe é bem ao contrário. Segundo Sandroni & Machado
(2000, p.12) “a criança percebe desde muito cedo, que livro é uma coisa boa,
que dá prazer”. As crianças bem pequenas interessam-se pelas cores, formas e
figuras que os livros possuem e que mais tarde, darão significados a elas,
identificando-as e nomeando-as.
É importante que o livro seja tocado pela criança,
folheado, de forma que ela tenha um contato mais íntimo com o objeto do seu
interesse.A partir daí, ela começa a gostar dos livros, percebe que eles fazem
parte de um mundo fascinante, onde a fantasia apresenta-se por meio de palavras
e desenhos. De acordo com Sandroni & Machado (1998, p.16) “o amor pelos
livros não é coisa que apareça de repente”. É preciso ajudar a criança a
descobrir o que eles podem oferecer. Assim, pais e professores têm um papel
fundamental nesta descoberta: serem estimuladores e incentivadores da leitura.
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A literatura e os estágios psicológicos da criança
Durante o seu desenvolvimento, a criança passa por
estágios psicológicos que precisam ser observados e respeitados no momento da
escola de livros para ela.
Essas etapas não dependem exclusivamente de sua
idade, mas de acordo com Coelho (2002) do seu nível de amadurecimento psíquico,
afetivo e intelectual e seu nível de conhecimento e domínio do mecanismo da
leitura. Neste sentido, é necessária a adequação dos livros às diversas etapas
pelas quais a criança normalmente passa. Existem cinco categorias que norteiam
as fases do desenvolvimento psicológico da criança: o pré-leitor, o leitor
iniciante, o leitor-em-processo, o leitor fluente e o leitor crítico.
O pré-leitor: categoria que abrange duas fases.Primeira
infância (dos 15/17 meses aos 3 anos) Nesta fase a criança começa a reconhecer
o mundo ao seu redor através do contato afetivo e do tato. Por este motivo ela
sente necessidade de pegar ou tocar tudo o que estiver ao seu alcance. Outro
momento marcante nesta fase é a aquisição da linguagem, onde a criança passa a
nomear tudo a sua volta. A partir da percepção da criança com o meio em que
vive, é possível estimulá-la oferecendo-lhe brinquedos, álbuns, chocalhos
musicais, entre outros. Assim, ela poderá manuseá-los e nomeá-los e com a ajuda
de um adulto poderá relacioná-los propiciando situações simples de leitura.
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Segunda infância (a partir dos 2/3 anos) É o início da
fase egocêntrica. Está mais adaptada ao meio físico e aumenta sua capacidade e
interesse pela comunicação verbal. Como interessa-se também por atividades
lúdicas, o “brincar”com o livro será importante e significativo para ela.
Nesta fase, os livros adequados, de acordo com Abramovich
(1997) devem apresentar um contexto familiar, com predomínio absoluto da imagem
que deve sugerir uma situação. Não se deve apresentar texto escrito, já que é
através da nomeação das coisas que a criança estabelecerá uma relação entre a
realidade e o mundo dos livros.
Livros que propõem humor, expectativa ou mistério são
indicados para o pré-leitor.
A técnica da repetição ou reiteração de elementos são
segundo Coelho (2002, p.34) “favoráveis para manter a atenção e o interesse
desse difícil leitor a ser conquistado”. O leitor iniciante (a partir dos 6/7
anos) Essa é a fase em que a criança começa a apropriar-se da decodificação dos
símbolos gráficos, mas como ainda encontra-se no início do processo, o papel do
adulto como “agente estimulador” é fundamental.
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Os livros adequados nesta fase devem ter uma linguagem simples com começo, meio e fim. As imagens devem predominar sobre o texto. As personagens podem ser humanas, bichos, robôs, objetos, especificando sempre os traços de comportamento, como bom e mau, forte e fraco, feio e bonito. Histórias engraçadas, ou que o bem vença o mal atraem muito o leitor nesta fase. Indiferentemente de se utilizarem textos como contos de fadas ou do mundo cotidiano, de acordo com Coelho (ibid, p. 35) “eles devem estimular a imaginação, a inteligência, a afetividade, as emoções, o pensar, o querer, o sentir”.
O leitor-em-processo (a partir dos 8/9anos) A criança
nesta fase já domina o mecanismo da leitura. Seu pensamento está mais
desenvolvido, permitindo-lhe realizar operações mentais. Interessa-se pelo conhecimento
de toda a natureza e pelos desafios que lhes são propostos. O leitor desta fase
tem grande atração por textos em que haja humor e situações inesperadas ou
satíricas. O realismo e o imaginário também agradam a este leitor. Os livros
adequados a esta fase devem apresentar imagens e textos, estes, escritos em
frases simples, de comunicação direta e objetiva. De acordo com Coelho (2002)
deve conter início, meio e fim. O tema deve girar em torno de um conflito que
deixará o texto mais emocionante e culminar com a solução do problema.
O leitor fluente (a partir dos 10/11 anos) O leitor fluente está em fase de consolidação dos mecanismos da leitura. Sua capacidade de concentração cresce e ele é capaz de compreender o mundo expresso no livro. Segundo Coelho (2002) é a partir dessa fase que a criança desenvolve o “pensamento hipotético dedutivo” e a capacidade de abstração. Este estágio, chamado de pré-adolescência, promove mudanças significativas no indivíduo. Há um sentimento de poder interior, de ver-se como um ser inteligente, reflexivo, capaz de resolver todos os seus problemas sozinhos. Aqui há uma espécie de retomada do egocentrismo infantil, pois assim como acontece com as crianças nesta fase, o pré-adolescente pode apresentar um certo desequilíbrio com o meio em que vive.
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O leitor fluente (a partir dos 10/11 anos) O leitor fluente está em fase de consolidação dos mecanismos da leitura. Sua capacidade de concentração cresce e ele é capaz de compreender o mundo expresso no livro. Segundo Coelho (2002) é a partir dessa fase que a criança desenvolve o “pensamento hipotético dedutivo” e a capacidade de abstração. Este estágio, chamado de pré-adolescência, promove mudanças significativas no indivíduo. Há um sentimento de poder interior, de ver-se como um ser inteligente, reflexivo, capaz de resolver todos os seus problemas sozinhos. Aqui há uma espécie de retomada do egocentrismo infantil, pois assim como acontece com as crianças nesta fase, o pré-adolescente pode apresentar um certo desequilíbrio com o meio em que vive.
O leitor fluente é atraído por histórias que apresentem
valores políticos e éticos, por heróis ou heroínas que lutam por um ideal.
Identificam-se com textos que apresentam jovens em busca de espaço no meio em
que vivem, seja no grupo, equipe, entre outros.É adequado oferecer a esse tipo
de leitor histórias com linguagem mais elaborada. As imagens já não são
indispensáveis, porém ainda são um elemento forte de atração. Interessam-se por
mitos e lendas, policiais, romances e aventuras. Os gêneros narrativos que mais
agradam são os contos, as crônicas e as novelas.
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O leitor crítico (a partir dos 12/13 anos) Nesta fase é total o domínio da leitura e da linguagem escrita. Sua capacidade de reflexão aumenta, permitindo-lhe a intertextualização. Desenvolve gradativamente o pensamento reflexivo e a consciência crítica em relação ao mundo. Sentimentos como saber, fazer e poder são elementos que permeiam o adolescente. O convívio do leitor crítico com o texto literário, segundo Coelho (2002, p.40) “deve extrapolar a mera fruição de prazer ou emoção e deve provocá-lo para penetrar no mecanismo da leitura”.
O leitor crítico continua a interessar-se pelos tipos de
leitura da fase anterior, porém, é necessário que ele se aproprie dos conceitos
básicos da teoria literária. De acordo com Coelho (ibid, p.40) a literatura é
considerada a arte da linguagem e como qualquer arte exige uma iniciação.
Assim, há certos conhecimentos a respeito da literatura que não podem ser
ignorados pelo leitor crítico.
Conclusão
Desenvolver o interesse e o hábito pela leitura é um
processo constante, que começa muito cedo, em casa, aperfeiçoa-se na escola e
continua pela vida inteira.
Existem diversos fatores que influenciam o
interesse pela leitura. O primeiro e talvez mais importante é determinado pela
“atmosfera literária” que, segundo Bamberguerd (2000, p.71) a criança encontra
em casa. A criança que houve histórias desde cedo, que tem contato direto com
livros e que seja estimulada, terá um desenvolvimento favorável ao seu
vocabulário, bem como a prontidão para a leitura.
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De acordo com Bamberguerd (2000) a criança que lê com
maior desenvoltura se interessa pela leitura e aprende mais facilmente, neste
sentido, a criança interessada em aprender se transforma num leitor capaz.
Sendo assim, pode-se dizer que a capacidade de ler está intimamente ligada a
motivação. Infelizmente são poucos os pais que se dedicam efetivamente em
estimular esta capacidade nos seus filhos. Outro fator que contribui
positivamente em relação à leitura é a influência do professor. Nesta
perspectiva, cabe ao professor desempenhar um importante papel: o de ensinar a
criança a ler e a gostar de ler.
Professores que oferecem pequenas doses diárias de
leitura agradável, sem forçar, mas com naturalidade, desenvolverão na criança
um hábito que poderá acompanhá-la pela vida afora. Para desenvolver um programa
de leitura equilibrado, que integre os conteúdos relacionados ao currículo
escolar e ofereça uma certa variedade de livros de literatura como contos,
fábulas e poesias, é preciso que o professor observe a idade cronológica da
criança e principalmente o estágio de desenvolvimento de leitura em que ela se
encontra. De acordo com Sandroni & Machado (1998, p.23) “o equilíbrio de um
programa de leitura depende muito mais do bom senso e da habilidade do
professor que de uma hipotética e inexistente classe homogênea”.
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Assim, as condições necessárias ao desenvolvimento de
hábitos positivos de leitura, incluem oportunidades para ler de todas as formas
possíveis. Freqüentar livrarias, feiras de livros e bibliotecas são excelentes
sugestões para tornar permanente o hábito de leitura.
Num mundo tão cheio de tecnologias em que se vive, onde
todas as informações ou notícias, músicas, jogos, filmes, podem ser trocados
por e-mails, cd’s e dvd’s o lugar do livro parece ter sido esquecido. Há muitos
que pensem que o livro é coisa do passado, que na era da Internet, ele não tem
muito sentido. Mas, quem conhece a importância da literatura na vida de uma
pessoa, quem sabe o poder que tem uma história bem contada, quem sabe os
benefícios que uma simples história pode proporcionar, com certeza haverá de
dizer que não há tecnologia no mundo que substitua o prazer de tocar as páginas
de um livro e encontrar nelas um mundo repleto de encantamento.
Se o professor acreditar que além de informar, instruir
ou ensinar, o livro pode dar prazer, encontrará meios de mostrar isso à
criança. E ela vai se interessar por ele, vai querer buscar no livro esta
alegria e prazer. Tudo está em ter a chance de conhecer a grande magia que o
livro proporciona. Enfim, a literatura infantil é um amplo campo de estudos que
exige do professor conhecimento para saber adequar os livros às crianças,
gerando um momento propício de prazer e estimulação para a leitura.
Por Eline Fernandes de Castro
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