segunda-feira, 4 de janeiro de 2016

'Cigana' incentiva leitura entre crianças e adultos em PE




Nascida no Rio de Janeiro, Gabriela Kopinits, de 42 anos, descobriu a arte contar histórias quando era criança. Mas foi há 14 anos que a jornalista criou a "Cigana contadora de histórias" para incentivar a prática da leitura nas crianças e adultos e pela "vontade de contar para os outros as histórias que tinha lido", como ela diz. Morando há 20 anos em Caruaru, no Agreste pernambucano, ela também dá palestras e oficinas gratuitas para professores que querem adquirir mais experiência na contação de histórias.

Gabriela criou a cigana em 2001 e revela como surgiu a ideia para desenvolver a personagem. "Eu sempre gostei de contar histórias e fui chamada por uma amiga para fazer isso em uma creche de Caruaru. A minha primeira personagem foi a 'Branca de Neve'. Eu não tinha ideia das personagens que eu podia adotar, nunca tinha visto ninguém fazer. Mas achei aquilo tão bacana que decidi criar algo de acordo com a minha identidade, já que tenho ascedência cigana", lembra.

A jornalista conta que sempre leu muito e teve o incentivo dos pais para a leitura. Para ela, contar histórias de forma gratuita é um modo de "tornar um mundo um lugar melhor". "Hoje o livro está um pouco deslocado devido as novas mídias. E as crianças acabam se limitando muito à internet e aos aparelhos eletrônicos. A cultura das mídias é muito superficial e volátil. Mas o livro não. É algo que sempre está lá para quem quiser ler. É por meio do livro que ancoramos nossa experiência, saberes e cultura. Além disso, no livro podemos resgatar quem realmente somos", destaca.

Gabriela não conta histórias apenas para crianças, mas para pessoas de todas as faixas etárias. Ela diz que as crianças gostam da cigana porque ela sempre se veste com roupas coloridas e usa adereços dourados. "Tem crianças que perguntam: 'É uma princesa?'. Quando eu digo o que realmente é, eles dizem: 'Mas o que é uma cigana?'. Isso desperta a curiosidade deles e eu acabo desmistificando o povo cigano, acabando com o preconceito", diz.

"Certa vez eu fui contar histórias em um hospital e pedi para ir até as pessoas que estavam prestes a ir para o bloco cirúrgico. Queria acalmá-los. Eu comecei a contar uma história chamada 'Couro de Piolho' para uma mulher que estava esperando ter o bebê. Já no clímax da história, ela começou a sentir as contrações mais fortes. Quando a enfermeira a chamou para ir até a sala de parto, a mulher disse: 'Não, agora não. Deixa eu saber qual é o fim da história'. Foi impressionante o quanto ela gostou. Tive que contar mais rápido, se não contaria para ela e o bebê", brinca.

Origem cigana
Os ancestrais maternos da jornalista e contadora de histórias vieram da Europa, de países como Hungria, Áustria e Croácia. "Acho muito bacana a tradição oral dos povos ciganos. É de uma riqueza muito grande e vem de todas as partes do mundo. Reza a lenda que a família Kopinits era composta por ciganos. Então, eu resgatei essa coisa deles e trouxe pra cá", brinca Gabriela.

"Eu me identifico muito com a cultura cigana, com o modo deles verem a vida, cheios de alegria e coragem. Também acho lindo quando dizem que o teto dos ciganos é o céu. Ou seja, eles pertencem ao mundo e o mundo a eles", ressalta a jornalista.

Livro de histórias
Gabriela Kopinits lançou um livro em 2014 como a "Cigana Contadora de Histórias". A obra é o resultado de um trabalho de 14 anos. "O meu livro tem dez histórias, todas boas para contar para os pequenos. Elas são bem divertidas e contam com personagens que fazem parte do imaginário infantil. Todas as histórias passaram pela aprovação do meu público mais fiel: meus filhos Victoria, de sete anos, e Lucas, de cinco", revela.

Do portal G1.com

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