Cinco fonoaudiólogos de Hong Kong foram condenados a 19 meses de prisão neste sábado(10) por publicarem livros infantis que retratam apoiadores da democracia local como ovelhas defendendo sua aldeia contra lobos que supostamente representam Pequim.
Eles foram condenados por
"sedição" na quarta-feira, sob uma lei herdada da colonização
britânica e usada pelas autoridades atuais para reprimir as dissidências junto
com a lei de segurança nacional imposta por Pequim em 2020.
Os autores dos livros, Lai Man-ling,
Melody Yeung, Sidney Ng, Samuel Chan e Fong Tsz-ho, são fundadores do sindicato
dos fonoaudiólogos e permaneceram na prisão por mais de um ano antes do
julgamento.
O grupo pode ser solto em 31
dias, após a dedução da pena já cumprida, disse um de seus advogados no sábado.
Os cinco profissionais
decidiram publicar três livros ilustrados para jovens leitores para explicar o
movimento pró-democracia em Hong Kong.
Os livros foram publicados
em 2020, um ano após as enormes e muitas vezes violentas manifestações do
movimento pró-democracia.
Neste sábado, diante do juiz
Kwok Wai Kin, que chamou as obras de "lavagem cerebral", três deles
disseram não se arrepender.
Melody Yeung, de 28 anos,
afirmou ainda que espera ficar do lado das ovelhas. "Eu lamento por apenas
uma única coisa: por não ter publicado mais livros antes de ser presa",
disse ela no tribunal.
Sidney Ng, de 27 anos,
afirmou por meio de seu advogado que as ações legais estavam "intimidando
a sociedade civil e alienando os habitantes de Hong Kong".
Para a promotoria, os livros
ilustrados exibem um "sentimento anti-chinês" e pretendem
"incitar o ódio dos leitores às autoridades chinesas continentais".
Mas os acusados argumentaram
que os livros contavam "a história do ponto de vista do povo" e
pretendiam ajudar as crianças a entender as injustiças sistêmicas na sociedade.
A Anistia Internacional, que
recentemente deixou Hong Kong devido à Lei de Segurança Nacional, descreveu
essas sentenças como "um exemplo absurdo de repressão implacável".
Até recentemente, Hong Kong
era um bastião da liberdade de expressão na China e lar de uma indústria
editorial vibrante e crítica.
Mas a China impulsionou uma
ampla repressão política à cidade em resposta aos protestos massivos e muitas
vezes violentos que ocorreram em 2019.
As principais figuras do
movimento estão atualmente na prisão, aguardando julgamento ou foragidos no
exterior.
Dezenas de grupos da
sociedade civil, incluindo muitos sindicatos, foram suprimidos.
AFP
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