Os Estados Unidos encerraram o mês de março com 11,5 milhões de vagas de emprego abertas - o maior número já registrado na história do país |
A enfermeira Thaysa Guimarães, de 32 anos, relata que já chegou a emendar sete plantões, ou mais de 96 horas de jornada seguidas, em seu trabalho em uma unidade de saúde pública em Goiás.
Mãe solteira de três filhos,
ela concilia o emprego em uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) na cidade de
Anápolis com plantões algumas vezes por mês em um hospital universitário em
Uberlândia, Minas Gerais. "Já cheguei a ter três empregos ao mesmo tempo
para conseguir manter a renda da família - e mesmo assim fica tudo muito
apertado", conta.
Por isso, assim que ficou
sabendo que colegas de profissão estavam emigrando para os Estados Unidos com
ofertas de salário atrativas em dólar, além de jornadas consideravelmente
menores do que no Brasil, Thaysa se interessou imediatamente.
Após alguma pesquisa,
descobriu que existe um mercado aberto nos EUA para trabalhadores da área da
saúde dispostos a revalidar seus diplomas emitidos no exterior - e decidiu
seguir o mesmo caminho.
"Tinha vontade de me
mudar para os Estados Unidos desde que fiz uma viagem a turismo em 2019, mas só
comecei a enxergar uma possibilidade real quando vários colegas deram entrada
no processo e conseguiram arrumar emprego e visto", diz a goiana.
Segundo especialistas em
imigração e profissionais ouvidos pela BBC News Brasil, uma grande oferta de
vagas em hospitais e consultórios, somadas a salários atrativos, estão
motivando uma onda recente de imigração de profissionais qualificados da área
da saúde para terras norte-americanas.
Estudo do American
Immigration Council mostra que o setor de saúde é o que mais tem participação
de imigrantes na força de trabalho, com 15,6%. Na média nacional, os
estrangeiros representam 13,7% da população.
E parte dessa força está
vindo do Brasil. Um levantamento realizado pelo escritório de advocacia AG
Immigration com dados do Departamento de Segurança Interna dos EUA mostrou que
a quantidade de brasileiros que se tornaram cidadãos americanos bateu recorde
no ano fiscal de 2021: foram 12.281, um total 47,5% superior ao de 2020.
As emissões de green cards,
como são chamados os vistos de residência permanente que garantem o direito de
morar e trabalhar nos EUA, também aumentaram e atingiram o seu segundo maior
patamar da história, com 17.952 novas expedições para brasileiros.
Em 2020, 44% dos brasileiros
que receberam green cards no país obtiveram o documento por meio de contratos
de trabalho.
Para Rodrigo Costa, CEO da
AG Immigration, os dados são sintoma de uma nova onda de "fuga de cérebros
e profissionais qualificados" para os EUA. "Temos visto um casamento
entre um mercado extremamente carente de profissionais e uma imigração
brasileira cada vez mais capacitada", diz.
Segundo um levantamento do
think tank Migration Policy Institute usando dados do censo americano de 2019,
42,5% dos brasileiros nos Estados Unidos tem pelo menos um diploma de graduação
- um percentual superior ao da população de imigrantes em geral, que é de
32,7%, e até dos nascidos nos Estados Unidos, que está em 33,3%.
Entre os recém-chegados (que
imigraram para os EUA há até cinco anos) do Brasil, há ainda mais profissionais
qualificados: 52,8% do total completou pelo menos o ensino superior.
De acordo com Rodrigo Costa,
entre os que vão estão muitos médicos, enfermeiros, dentistas e fisioterapeutas
que esperam encontrar mais reconhecimento, melhor qualidade de vida e novas
experiências nos Estados Unidos.
Foram exatamente esses
fatores que influenciaram a decisão de Thaysa de se mudar definitivamente para
os EUA. "Pensei muito nos meus filhos, nas oportunidades e na educação de
qualidade que irão encontrar por lá", conta.
A goiana iniciou o envio de
documentos para a organização responsável pelo processo de revalidação do
diploma em abril de 2020. Em março deste ano, foi aprovada no exame nacional
exigido para todos os profissionais de enfermagem e obteve seu certificado para
trabalhar, tudo sem sair do Brasil.
"Três dias depois de
ser aprovada no exame, recebi minha primeira oferta de emprego. Decidi aguardar
outras oportunidades e já recebi outras cinco ofertas", diz Thaysa, que
tem planos de se mudar permanentemente para os EUA até março de 2023.
A empresa escolhida pela
enfermeira será responsável por dar início e arcar com os custos do processo
imigratório.
"Alguns hospitais me
ofereceram bônus em dinheiro, passagens aéreas, seguro saúde completo, três
meses de aluguel para começar a vida e até carta de crédito para comprar um
carro - tudo para que eu assinasse o contrato com eles o mais rápido possível",
relata Thaysa sobre as conversas que teve com os empregadores durante as
entrevistas de emprego.
'A Grande Renúncia'
A corrida para contratar
relatada pela brasileira reflete o momento delicado enfrentado pelo mercado de
trabalho americano.
Os Estados Unidos encerraram
o mês de março com 11,5 milhões de vagas de emprego abertas - o maior número já
registrado na história do país. E a demanda continua crescendo mais do que a
disponibilidade de profissionais.
Desde o início da
recuperação pós-pandemia, o país presenciou um êxodo maciço de trabalhadores do
mercado. O movimento é motivado por diferentes fatores, entre elas a busca por
salários melhores, o conforto de benefícios para desempregados e um boom de
aposentadorias.
O fenômeno apelidado de
"The Great Resignation" (A Grande Renúncia, em tradução livre) atinge
com força o setor da saúde.
O governo americano estima
que o país precisa atualmente de mais de 16 mil trabalhadores de cuidado
primário (médicos e enfermeiros), 11 mil novos dentistas e 7 mil profissionais
da área da saúde mental para acabar com a falta de mão de obra especializada na
área. Os dados são da Administração de Serviços e Recursos Humanos (HRSA),
agência federal americana responsável por ampliar o acesso da população local a
serviços de saúde.
E a demanda não para de
crescer. Segundo a Associação Americana de Hospitais (AHA, na sigla em inglês),
os EUA ainda vão enfrentar uma escassez de 124.000 médicos até 2033 e
precisarão contratar pelo menos 200.000 novos enfermeiros por ano para atender
ao aumento da demanda e substituir os profissionais que se aposentarão.
Segundo a Secretaria de
Estatísticas Trabalhistas dos EUA, serão ainda gerados, em média, cerca de
5.000 vagas para dentistas e 15.600 para fisioterapeutas a cada ano, em média,
ao longo da próxima década.
'Os empregadores têm pressa'
É por tudo isso, segundo as
fontes consultadas pela BBC, que muitos têm visto nos imigrantes uma solução
mais rápida para o problema enfrentado pelos Estados Unidos.
"Recebemos pedidos e
consultas de diversas empresas do setor da saúde que desejam contratar
estrangeiros para as vagas não ocupadas pelos americanos. Eles querem saber
quando nossos clientes vão chegar nos EUA, porque têm pressa", diz Rodrigo
Costa, cujo escritório de advocacia presta consultoria para brasileiros e
cidadãos de outras nacionalidades que desejam imigrar.
A procura cresceu de tal
forma que a empresa afirma que tem conseguido emitir uma modalidade especial de
vistos para profissionais brasileiros da área de saúde qualificados e com bom
histórico.
O chamado EB-2 NIW é um
green card direcionado para profissionais que são considerados de
"interesse nacional" para os Estados Unidos, ou seja, podem ocupar
vagas que beneficiam a economia, o sistema educacional ou de saúde ou algum
outro aspecto da sociedade americana.
Esse tipo de green card não
requer uma oferta de trabalho ou uma empresa patrocinadora, o que por vezes
torna o processo imigratório mais fácil e rápido.
Todos os green cards dão
direito a 10 anos de permanência nos Estados Unidos, mas após cinco anos no
país o cidadão já fica elegível para uma cidadania americana.
A fisioterapeuta Ana Paula
Rocha, de 37 anos, teve seu visto permanente na categoria EB-2 NIW aprovado
neste ano. Mas antes mesmo de receber o documento a mineira natural de
Diamantina ganhou uma permissão de trabalho, com a qual pôde começar a
trabalhar nos EUA em julho de 2020.
"O processo de
revalidação do diploma durou dois anos e aproveitei esse tempo para completar o
doutorado à distância em uma universidade americana. Pude fazer tudo do Brasil
e só tive que ir aos EUA para fazer a prova que garante a licença de
fisioterapeuta no país", conta. "Quando estava com meu registro
validado me mudei em definitivo".
Ana mora em Miami, na
Flórida, com o marido. Atualmente ela faz atendimento como fisioterapeuta
ortopédica em duas clínicas da região, depois de ter trabalhado com um serviço
de telemedicina durante a pandemia.
"Demorei alguns meses
para conseguir o primeiro emprego porque comecei a busca justamente no auge da
covid-19, mas posso dizer que desde então eu tenho podido escolher onde
trabalhar, analisando salários e horários que são mais convenientes", diz.
"Decidi sair do Brasil
porque não via muitas perspectivas na minha carreira como fisioterapeuta e me
sentia estagnada. Por aqui me sinto muito valorizada e nunca experimentei
nenhum preconceito ou dificuldade por ser estrangeira atendendo
americanos", relata. "Não pretendo voltar a trabalhar no
Brasil".
Mas o EB-2 NIW não é a única
opção para os profissionais de saúde brasileiros, segundo Ana Barbara
Schaffert, advogada e consultora da AG Immigration. "Há outras modalidades
de green card ou vistos de trabalho que podem ser solicitados após a assinatura
do contrato", explica.
"O processo de emissão
de um green card pode demorar de 10 a 26 meses, mas em março a imigração
americana anunciou uma expansão das regras do que chamamos de processamento
premium, que permitem o pagamento de uma taxa adicional para agilizar o
trâmite".
"Com isso, um
brasileiro pode conseguir um green card em cerca de 45 dias. Essa é uma mudança
grande e que determina o tom favorável à imigração do atual governo dos Estados
Unidos", diz Schaffert.
Para aproveitar o momento, a
AG Immigration lançou uma iniciativa para levar mil dentistas brasileiros para
os EUA em 2022. Segundo a consultoria, já existem cerca de 300 profissionais
com o processo encaminhado.
"Em geral, os
profissionais de odontologia brasileiros são muito bem avaliados nos Estados
Unidos. Uma grande parcela dos que imigram tem especialização, além de boa
experiência clínica e trato humano com os pacientes", diz Rodrigo Costa.
A consultoria explica que
ter diplomas avançados (mestrado, doutorado, especializações etc.) ou mais de
cinco anos de atuação na área são alguns dos fatores que ajudam na aprovação do
visto, seja para dentistas ou outros profissionais da saúde.
Já no momento da revalidação
do diploma, o processo varia de acordo com a profissão e o currículo de cada
imigrante.
Uma das maneiras que os
dentistas podem conseguir a revalidação é por meio da participação do
profissional já formado em um programa de educação odontológica credenciado
pela comissão de odontologia americana, como uma residência.
A dentista Hetienne Macedo,
de 40 anos, está atualmente em Nova York fazendo justamente isso. Formada em
uma faculdade de Fortaleza, a cearense conseguiu uma vaga no programa de
residência em odontologia geral da Universidade de Rochester.
Hetienne já foi aprovada na
prova obrigatória para a emissão da licença que permite a atuação de dentistas
no país e conta que pretende começar a trabalhar assim que encerrar o curso.
"Deixei meu consultório
no Brasil funcionando, mas pretendo permanecer em Nova York ou me mudar para o
norte da Flórida quando terminar as aulas", diz a brasileira, que se mudou
para os Estados Unidos no ano passado com o marido e os três filhos.
"Mas recebo e-mails
semanalmente de empresas questionando sobre quanto tempo falta para me formar
na residência e interessadas em contratar", relata.
A cearense afirma ainda que
tem notado um fluxo cada vez maior de dentistas brasileiros interessados em
seguir o mesmo caminho que o seu. "Na minha turma de 40 residentes, 5 são
brasileiros", diz.
'Processo longo e caro'
Mas os processos para
revalidação do diploma e emissão de visto para trabalho nos EUA nem sempre são
simples ou baratos.
Assim como no caso dos
dentistas, médicos brasileiros que desejem atuar na área clínica geralmente
também precisam passar por uma residência em uma instituição credenciada, mesmo
que já tenham feito o período de experiência no Brasil. Há ainda duas provas
obrigatórias, além de um teste de conhecimento de inglês.
Rafael Hernandez Martin, de
23 anos, está no último ano da faculdade de medicina na Faculdade de Ciências
Médicas e da Saúde de Juiz de Fora e pretende fazer sua residência diretamente
nos Estados Unidos. "Sempre tive vontade de morar fora e fui atraído pela
estabilidade e segurança profissional que colegas que já atuam nos Estados
Unidos dizem ter", diz.
Natural de Juiz de Fora, ele
está atualmente estudando para uma prova clínica que é exigida no processo de
seleção da residência. "Já fui aprovado em uma primeira prova, mais
teórica, e depois da segunda avaliação vou ainda prestar um teste de
conhecimento de inglês específico para profissionais da saúde", relata.
O estudante pretende
aproveitar sua mudança para os EUA e se envolver em projetos de pesquisa, que
são muito bem-conceituados no país. "Minha intenção é mesmo morar e trabalhar
de forma permanente nos EUA", diz.
"Mas o processo todo
realmente não é barato. Acho que no mínimo se gasta R$ 30.000 ou 40.000 com as
taxas e provas para conseguir entrar na residência".
Já os enfermeiros e
fisioterapeutas formados no Brasil passam por uma checagem rigorosa de seu
currículo escolar e profissional e, caso sejam aprovados, podem ser isentos de
novos cursos ou períodos de experiência. Ainda assim, é necessário passar pelas
provas oficiais das categorias que concedem uma licença oficial para atuar.
Nem todas as licenças são
válidas em todo o território americano. Isto é, alguns estados exigem uma
licença própria.
Por tudo isso, os
profissionais que decidem imigrar precisam de uma reserva considerável em
dólares para pagar taxas, inscrições e, quando necessário, a mensalidade dos
cursos. Os procedimentos para emissão de visto também são pagos.
Diante dos gastos e do tempo
hábil gasto no processo de revalidação, muitos acabam desistindo da ideia.
Outros preferem se empregar em funções que não exigem uma licença ou a
confirmação da formação no Brasil.
Segundo Jeanne Batalova,
analista sênior do Migration Policy Institute, esse cenário dá origem a muitos
casos de trabalhadores imigrantes subutilizados em suas profissões.
"Muitos imigrantes
formados como médicos, cirurgiões, enfermeiros e dentistas extremamente
qualificados não conseguem revalidar sua educação internacional nos EUA por
conta das muitas barreiras e do processo longo e caro", diz.
"Mas isso não significa
que eles não podem trabalhar em empregos que exigem menor qualificação. Assim,
muitos trabalham como auxiliares de enfermagem ou funcionários de casas de
repouso, ocupações que nem sempre exigem uma revalidação do diploma, mas tendem
a ser mais precarizadas".
"Na área da
odontologia, profissionais que não conseguem passar por todo o processo de
revalidação de seus diplomas se empregam muitas vezes como assistente de
dentista ou higienista dental, trabalhos que por vezes não exigem a conversão
da formação ou que tem menos burocracia para isso", explica Batalova.
O paulista João Antônio
Costa, de 48 anos, trabalha desde 2008 como dentista em um centro comunitário
em Hyannis, Massachusetts, mas com licença limitada.
Formado no Brasil, ele
preferiu não enfrentar a revalidação e procurar alternativas de emprego em sua
área que aceitassem um diploma estrangeiro. "Há algumas alternativas, que
variam de estado para estado. No meu caso, consegui trabalho no centro
comunitário com a condição de ser sempre supervisionado por um dentista formado
nos Estados Unidos. Mas essa é uma permissão concedida apenas pelo estado de
Massachusetts".
"No centro comunitário,
oferecemos muitos tratamentos gratuitos ou com custo reduzido. Para mim é um
privilégio e satisfação muito grande fazer o que eu sei e o que eu gosto para
quem realmente precisa", diz.
João afirma que até
recentemente nunca havia considerado a possibilidade de iniciar a revalidação
do diploma, mas foi incentivado pelo irmão, que também é dentista e conseguiu
uma licença permanente no Canadá, a melhorar sua situação.
"Por isso, no ano
passado fui aprovado na prova exigida para tirar a licença americana e nos
próximos meses vou começar a me inscrever para os cursos de residência e
especialização que também são necessários", diz o brasileiro natural de
São José dos Campos, que está documentando toda sua jornada em um blog pessoal.
"Há uma demanda muito
grande por serviços de odontologia e quero poder ajudar outros dentistas
brasileiros que queiram vir aos Estados Unidos trabalhar".
Dinheiro no bolso
Mas apesar das burocracias e
investimentos necessários para realizar o sonho de trabalhar em solo americano,
muitos brasileiros têm optado por seguir o caminho da imigração por conta da
promessa de salários mais altos do que no Brasil.
Segundo dados de maio de
2021 da Secretaria de Estatísticas Trabalhistas dos EUA, um dentista ganha em
média cerca de US$ 163.000 (R$ 834.000) por ano no país. Já enfermeiros são
pagos na média de US$ 77.000 (R$ 390.000) por ano, enquanto um fisioterapeuta
ganha cerca de US$ 95.000 (R$ 485.000) anuais.
A média salarial de um
médico nos Estados Unidos é de US$ 208.000 por ano.
Em comparação, de acordo com
o Guia Brasileiro de Ocupações, a média de salário mensal de um médico clínico
no Brasil é de R$ 10.788, ou cerca de R$ 140.000 anuais, considerando 12 meses
e o 13º salário. O valor varia para mais ou para menos, a depender da
especialização.
Já os dentistas ganham em
média R$ 83.000 anuais no país, enfermeiros R$ 68.000 e fisioterapeutas R$
50.000, também de acordo com o Guia Brasileiro de Ocupações.
"Muitos dos
profissionais brasileiros chegam nos EUA já com pós-graduação, o que faz a remuneração
crescer bastante acima da média. Não é raro ouvirmos casos de sucesso de
pessoas ganhando mais de sete vezes o salário que recebiam no Brasil e até
empreendendo por conta própria", diz Rodrigo Costa.
Cristian Brutten,
odontopediatra brasileiro que fundou empresa dedicada a auxiliar dentistas
estrangeiros com o processo de revalidação de diploma e alocação no mercado de
trabalho americano, confirma a percepção.
"Quase todos os
dentistas brasileiros que trabalham nos EUA com que converso e lido diariamente
ganham mais do que a média. O profissional brasileiro, além de ser muito
qualificado, também é conhecido por aqui por suas habilidades sociais e empatia
- qualidades essenciais na área da saúde", diz.
O dentista natural de Natal
mora nos Estados Unidos desde 2008 e, após completar duas residências no país
para validar seu diploma, abriu um consultório próprio com um sócio. Também
decidiu se dedicar a auxiliar outros brasileiros que desejam seguir o mesmo
caminho.
"A migração de
estrangeiros para os EUA é uma realização profissional para essas pessoas, mas
também uma mais valia para o país, porque os EUA precisam urgentemente de
profissionais de saúde", diz Brutten.
Mas o professor Eduardo
Siqueira, especialista em imigração brasileira nos EUA da Universidade de
Massachusetts Boston, lembra que a partida de alguns desses profissionais
representa um prejuízo para o mercado de trabalho e ambiente acadêmico
brasileiros.
"Quanto maior é o grau
de qualificação dos profissionais que saem, mais difícil fica recuperar sua
perda", diz.
"Temos visto muitos
indivíduos extremamente qualificados, com pós-doutorado e pesquisas importantes
sendo desenvolvidas, deixarem o Brasil para vir para os Estados Unidos em busca
especialmente das melhores condições na área científica", afirma Siqueira.
"Nem todos serão uma
perda definitiva para o Brasil, mas uma pessoa tão especializada pode demorar
10 ou mais anos para chegar a esse nível. Ou seja, vai demorar para encontrar
um substituto".
Julia Braun, BBC News
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