No continente mais
afetado do mundo pela desertificação dos solos, uma cúpula internacional tenta
encontrar alternativas para evitar que o fenômeno não se espalhe ainda mais –
não só na África, como em todo o planeta.
A conferência da ONU sobre o
tema acontece na Costa do Marfim durante duas semanas. Participantes de 197
países se reúnem para discutir soluções para o problema, que já atinge mais de
40% das superfícies do globo.
Se nada for feito, o que já
é ruim vai ficar pior: com menos terras produtivas disponíveis, cresce a tensão
para o aumento da produção alimentar nas áreas cultiváveis, levando a uma
degradação de novas regiões. Em 2050, ela poderia atingir uma área equivalente
a toda a América do Sul, com impacto não só na segurança alimentar e hídrica,
mas também nas mudanças do clima e na biodiversidade.
"Sessenta e cinco por
centro das terras cultiváveis na África foram perdidas nos últimos 70 anos.
Neste período, a população africana cresceu pelo menos 600%”, disse o
secretário-executivo da Convenção das Nações Unidas pela Luta contra a
Desertificação, Ibrahim Thiaw, em entrevista à RFI. "Ou seja, enfrentamos
uma situação em que, embora o continente não seja superpopuloso, a exploração
dos recursos naturais se tornou insustentável.”
Causas naturais e humanas
Com extensas áreas secas e
áridas, a África é ainda mais vulnerável ao impacto do aquecimento do planeta,
já que as condições climáticas acentuam a desertificação, observa Patrice
Burger, membro do painel de especialistas das Nações Unidas sobre o fenômeno e fundador
da organização Cari, que atua no continente.
“Costumamos dizer que a
degradação dos solos é causada por causas naturais, como a seca, mas também
pelo aumento das temperaturas e outros fenômenos que até parecem paradoxais,
como quando ocorre uma chuva abundante sobre a terra seca. É nesse momento que
ocorrem tremendas erosões sob o solo”, explica Burger, ao programa C'est Pas du
Vent, da RFI. "O problema da erosão é que quando a água vem, ela só
escorre e evapora neste solo. A água não entra mais nesta terra degradada e o
solo não pode mais ter o seu papel de esponja, fazendo com que a desertificação
se amplifique.”
A atuação humana, porém,
também é altamente responsável pela degradação dos solos, a exemplo das
queimadas e do abuso de agrotóxicos no Brasil. “As causas humanas são as más
práticas agrícolas, deixar o solo descoberto, revirar o solo em grandes
profundidades, reduzir a biodiversidade viva no solo, o que inclui usar
produtos químicos que matam a vida do solo. A base de um solo, para que ele
funcione e faça circular o ar e a água, é ter micro-organismos vivos”, ressalta
o especialista.
Recuperação e conservação
As soluções existem, mas
demandam mudanças profundas de práticas e investimentos. Ibrahim Thiaw destaca
o exemplo da Grande Muralha Verde do Sahel, projeto faraônico iniciado em 2007
em onze países africanos, para tentar restaurar 100 milhões de hectares de
terras.
“É um programa extremamente
ambicioso, que está em curso, com a promessa de financiamento de alguns
parceiros que chega a US$ 19 bilhões, nos próximos cinco anos. Os países da
África Austral querem fazer o mesmo e estão organizando um programa similar”,
salienta. "E o norte da África poderia fazer parte da grande iniciativa do
Oriente Médio, lançada pela Arábia Saudita e que poderia ir até o Magreb
africano”, complementa o secretário-executivo da UNCCD.
Além de restaurar as áreas
degradadas, outro aspecto importante das discussões na COP da Desertificação é
avançar na criação de extensas áreas protegidas. O objetivo seria chegar a um
total de 4 milhões de quilômetros quadrados, o equivalente aos territórios da
Índia e do Paquistão.
Lúcia Müzell, RFI
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