Polícia cerca local em Zurique (Foto: Arnd Wiegmann/Reuters) |
O autor do ataque realizado na última segunda-feira (19),
contra uma sala de orações muçulmana em Zurique, norte da Suíça, era um suíço
de 24 anos, conhecido pelos serviços policiais e adepto do ocultismo - crença
na influência dos poderes sobrenaturais ou supranormais. As informações foram
transmitidas pela polícia nesta terça-feira (20).
Falando à imprensa, os investigadores revelaram que
o agressor se suicidou perto do local do crime, depois de ferir a tiros três
fiéis. O assassino, cuja identidade não foi revelada pela polícia, foi
identificado graças a uma amostra de DNA recolhida há sete anos após um roubo
de bicicleta.
"Ignoramos por ora seus motivos. Foram achados
em sua casa vários objetos vinculados ao ocultismo", declarou a chefe da
polícia do cantão de Zurique, Christiane Lentjes Meili.
Outro assassinato
O autor do tiroteio também teria matado a facadas
um jovem no último domingo (18), em um parque de Zurique. A vítima era
conhecida do agressor.
Segundo os investigadores, nada faz supor que esses
dois casos estejam ligados ao terrorismo ou à extrema-direita.
Quando questionada por um jornalista turco sobre a
coincidência do tiroteio com o atentado em Berlim e o assassinato do embaixador
da Rússia em Ancara, Meili Lentjes respondeu que, segundo a polícia, "não
há ligação entre esses ataques".
Perfil do agressor
Os investigadores ainda não sabem se o assassino
sofria de problemas psicológicos. A polícia acredita que ele vivia sozinho, mas
vai continuar a sua investigação para compreender melhor a sua personalidade,
principalmente em relação ao ocultismo e às motivações que teriam o levado a
cometer os crimes.
O homem, funcionário de uma loja, pediu demissão na
sexta-feira (17), segundo Meili Lentjes.
Tiroteiro em Zurique
Vestido de roupas escuras, cabeça coberta com um
gorro de lã, o agressor entrou na segunda-feira (19), por volta das 17h30
(14h30 de Brasília), em uma sala de oração de um centro islâmico localizado na
rua Eisgasse, perto da estação de trem de Zurique.
Ele disparou vários tiros, ferindo três pessoas, de
30, 35 e 56 anos. O agressor fugiu a pé. Um corpo foi encontrado algumas
centenas de metros de distância, sob uma ponte na margem de um rio, mas ainda
não há a confirmação de que tenha relação com o crime.
As três vítimas foram operadas e estão fora de
perigo, segundo a polícia, que não forneceu nenhuma informação sobre sua
identidade. O centro islâmico é frequentado diariamente por dezenas de fiéis
vindos especialmente do Magrebe, Somália e da Eritreia, de acordo com a
imprensa suíça.
A polícia não forneceu informações sobre a arma
usada pelo atirador. No entanto, os investigadores salienteram que ele tinha
licença válida para portar tal arma.
Na Suíça, os homens que tenham concluído o serviço
militar podem guardar suas armas em casa, como reservistas, um direito que às
vezes gera polêmica na imprensa, especialmente quando usadas em tragédias
familiares e outros casos.
Precedentes
Esta não é a primeira vez que os centros islâmicos
são o alvo de ataques na Suíça.
Em 2004, uma tragédia semelhante ocorreu em
Lausanne (oeste). Um francês de origem tunisiana esfaqueou um imã libanês no
momento da pregação, na qual participavam cerca de 200 pessoas.
O homem foi reconhecido penalmente irresponsável
por seus atos após um exame psiquiátrico. Ele foi internado.
Em 2007, um suíço de 23 anos muçulmano, considerado
pelas autoridades como psicologicamente perturbado, abriu fogo nas instalações
do Centro Islâmico de Crissier (perto de Lausanne), ferindo gravemente um fiel.
Ele utilizou a arma e munição que o exército suíço
havia lhe fornecido como um reservista.
Por France Presse
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