sábado, 30 de julho de 2016

Moro irá à Câmara em dia vital para impeachment


O juiz federal Sérgio Moro, responsável pelos processos da Operação Lava-Jato, na primeira instância, será o primeiro a ser ouvido pela comissão especial criada na Câmara para elaborar projetos de combate à Corrupção, baseada no pacote de dez medidas contra a Corrupção entregues à Casa pelo Ministério Público. Segundo o relator da comissão, deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS), as propostas do pacote vão alterar 29 leis que tratam do tema.

Moro irá à Câmara em 4 de agosto, mesmo dia em que a comissão do impeachment no Senado votará o parecer do senador Antonio Anastasia (PSDB-MG) sobre o processo de impeachment contra a presidente afastada, Dilma Rousseff. Cinco dias depois, em 9 de agosto, será a vez da participação do procurador Deltan Dallagnol, que coordena a forçatarefa da Lava-Jato.

O relator e o deputado Joaquim Passarinho (PSD-PA), presidente da comissão especial, foram a Curitiba e se reuniram anteontem com Moro e, em seguida, com toda a equipe de procuradores da Lava-Jato.

Lorenzoni admitiu que, após o encontro, foram superados “atritinhos” entre os membros do Ministério Público e deputados. Na última vez em que foi à Câmara, Dallagnol ouviu apelos do deputado Heráclito Fortes (PSB-PI), citado na delação premiada do ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado, de que nada tinha a ver com o “réu confesso”.

— Quando os procuradores trouxeram o pacote, tiveram alguns atritinhos com deputados. Mas isso está superado, vamos trabalhar de forma cooperativa — disse Lorenzoni.

A comissão trabalhará às segundas e terçasfeiras, após o fim do recesso. O trabalho ficará concentrado em Brasília, mas haverá audiências de deputados nos estados. Participarão do debate na comissão, segundo o deputado, mais de 30 instituições, entre juízes federais, integrantes da OAB nacional, do TCU e da Receita Federal.

— Queremos fazer com que a Corrupção seja algo isolado numa sociedade, estimulando a cultura do combate à Corrupção. A Câmara está devendo uma resposta à sociedade. Quando um projeto chega aqui com mais de 2 milhões de assinaturas, temos o dever de virar quantas noites forem necessárias — disse o deputado.

Lorenzoni esteve ontem com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e contou ter recebido um pedido para que apresente o relatório final até o início de novembro.


Por Leticia Fernandes, em O Globo 

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