O juiz federal Sérgio Moro, responsável pelos processos da Operação Lava-Jato, na primeira instância, será o primeiro a ser ouvido pela comissão especial criada na Câmara para elaborar projetos de combate à Corrupção, baseada no pacote de dez medidas contra a Corrupção entregues à Casa pelo Ministério Público. Segundo o relator da comissão, deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS), as propostas do pacote vão alterar 29 leis que tratam do tema.
Moro irá à Câmara em 4 de agosto, mesmo dia em que a
comissão do impeachment no Senado votará o parecer do senador Antonio Anastasia
(PSDB-MG) sobre o processo de impeachment contra a presidente afastada, Dilma
Rousseff. Cinco dias depois, em 9 de agosto, será a vez da participação do
procurador Deltan Dallagnol, que coordena a forçatarefa da Lava-Jato.
O relator e o deputado Joaquim Passarinho (PSD-PA),
presidente da comissão especial, foram a Curitiba e se reuniram anteontem com
Moro e, em seguida, com toda a equipe de procuradores da Lava-Jato.
Lorenzoni admitiu que, após o encontro, foram superados
“atritinhos” entre os membros do Ministério Público e deputados. Na última vez
em que foi à Câmara, Dallagnol ouviu apelos do deputado Heráclito Fortes
(PSB-PI), citado na delação premiada do ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado,
de que nada tinha a ver com o “réu confesso”.
— Quando os procuradores trouxeram o pacote, tiveram
alguns atritinhos com deputados. Mas isso está superado, vamos trabalhar de
forma cooperativa — disse Lorenzoni.
A comissão trabalhará às segundas e terçasfeiras, após
o fim do recesso. O trabalho ficará concentrado em Brasília, mas haverá
audiências de deputados nos estados. Participarão do debate na comissão,
segundo o deputado, mais de 30 instituições, entre juízes federais, integrantes
da OAB nacional, do TCU e da Receita Federal.
— Queremos fazer com que a Corrupção seja algo isolado
numa sociedade, estimulando a cultura do combate à Corrupção. A Câmara está
devendo uma resposta à sociedade. Quando um projeto chega aqui com mais de 2
milhões de assinaturas, temos o dever de virar quantas noites forem necessárias
— disse o deputado.
Lorenzoni esteve ontem com o presidente da Câmara,
Rodrigo Maia (DEM-RJ), e contou ter recebido um pedido para que apresente o
relatório final até o início de novembro.
Por
Leticia Fernandes, em O Globo
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