Por Jonathan
Webb - BBC News
O "livro bebível" é feito de papel
tratado e traz informações impressas nas páginas sobre como e por que a água
deve ser filtrada.
Para filtrar a água adequadamente, as páginas têm nanopartículas de prata ou cobre, que matam bactérias à medida que a água passa pelas páginas.
Os cientistas fizeram testes em 25 fontes de água contaminadas espalhadas por África do Sul, Gana e Bangladesh. Nos testes, o papel conseguiu remover mais de 99% das bactérias.
Após as filtragens, a água ficou com um nível de contaminação parecido ao da água que sai das torneiras nos Estados Unidos, segundo os cientistas. Também foram detectados níveis minúsculos de prata ou cobre na água filtrada, mas dentro do considerado seguro.
Os resultados da experiência foram apresentados no 250º Encontro da Sociedade Americana de Química, em Boston, nos Estados Unidos.
Teri Dankovich, pesquisadora em pós-doutorado da Universidade Carnegie Mellon em Pittsburgh, desenvolveu e testou a tecnologia durante vários anos, trabalhando com a Universidade McGill, no Canadá, e, depois, com a Universidade da Virgínia.
"(O livro) É voltado às comunidades de países em desenvolvimento", disse Dankovich à BBC, acrescentando que 663 milhões de pessoas no mundo todo não têm acesso a água potável.
"Tudo o que você precisa fazer é arrancar uma folha, colocar em um suporte para filtro comum e despejar água de rios, riachos, poços etc, e, do outro lado, vai sair água limpa - e bactérias mortas também."
Isso porque as bactérias absorvem os íons de prata ou cobre enquanto atravessam o papel.
100 litros
Segundo os testes realizados pela cientista, uma página pode limpar até 100 litros de água. Um livro inteiro pode fornecer água limpa por quatro anos.
A pesquisadora já testou o papel em laboratório usando água contaminada artificialmente e, depois disso, fez exames em campo em países em desenvolvimento, com ONGs como Water is Live e a iDE.
Nos testes em países africanos e em Bangladesh, a contagem de bactéria nas amostras de água filtrada caiu em média mais de 99% e, na maioria das amostras, caiu para zero.
Leia mais: Inventor de filtro que absorve bactérias e agrotóxico recebe prêmio de inovação
"Depois que filtramos a água com o papel, mais do que 90% das amostras não tinham bactérias viáveis", afirmou.
"É muito animador ver que este papel não funciona apenas no laboratório, mas também demonstrou sucesso em fontes de água reais que as pessoas estão usando."
Desafio
Alguns locais de testes se tornaram grandes desafios para o papel criado por Dankovich: por exemplo, um córrego que recebia diretamente esgoto não tratado com alto nível de bactérias.
"Mas ficamos muito impressionados com o desempenho do papel, que conseguiu matar quase completamente as bactérias naquelas amostras. E elas eram bem nojentas, então pensamos - se (o material) conseguir fazer isso, provavelmente vai conseguir fazer muito."
Agora, Dankovich espera aumentar a produção do papel. Atualmente, a cientista e os estudantes que participam da pesquisa fazem tudo à mão.
O próximo passo seria também distribuir os livros para que moradores de áreas problemáticas usem os filtros sozinhos.
"Precisamos colocar isso nas mãos das pessoas para ver quais serão os efeitos. Não dá para fazer muito quando você é uma cientista trabalhando sozinha", afirmou.
Daniele Lantagne, engenheira ambiental da Universidade Tufts, nos Estados Unidos, afirmou que os dados coletados nos testes são promissores.
"Há muito interesse no desenvolvimento de novos produtos para tratamento de água", disse a engenheira à BBC.
Depois desses dois primeiros estágios de testes - no laboratório e em países da África e Ásia -, a equipe terá de desenvolver um "projeto de produto que possa ser comercializado" para um dispositivo no qual as páginas do "livro bebível" possam ser encaixadas.
Mas, há um problema, segundo Lantagne: o papel parece matar bactérias, mas ainda não se sabe se pode matar outros microorganismos perigosos.
"Quero ver os resultados para protozoários e vírus. É promissor, mas não vai salvar o mundo amanhã. Eles completaram uma fase importante e há mais (fases) para enfrentar", disse.
Para Kyle Doudrick, da Universidade de Notre Dame, no Estado americano de Indiana, é importante fazer com que as pessoas compreendam como usar os filtros e com que frequência eles precisam ser trocados. Mas o resultados dos testes são animadores.
"Em geral, de todas as tecnologias disponíveis - filtros de cerâmica, esterelização com raios UV e assim por diante - esta é promissora, pois é barata e é uma ideia cativante", disse.
Para filtrar a água adequadamente, as páginas têm nanopartículas de prata ou cobre, que matam bactérias à medida que a água passa pelas páginas.
Os cientistas fizeram testes em 25 fontes de água contaminadas espalhadas por África do Sul, Gana e Bangladesh. Nos testes, o papel conseguiu remover mais de 99% das bactérias.
Após as filtragens, a água ficou com um nível de contaminação parecido ao da água que sai das torneiras nos Estados Unidos, segundo os cientistas. Também foram detectados níveis minúsculos de prata ou cobre na água filtrada, mas dentro do considerado seguro.
Os resultados da experiência foram apresentados no 250º Encontro da Sociedade Americana de Química, em Boston, nos Estados Unidos.
Teri Dankovich, pesquisadora em pós-doutorado da Universidade Carnegie Mellon em Pittsburgh, desenvolveu e testou a tecnologia durante vários anos, trabalhando com a Universidade McGill, no Canadá, e, depois, com a Universidade da Virgínia.
"(O livro) É voltado às comunidades de países em desenvolvimento", disse Dankovich à BBC, acrescentando que 663 milhões de pessoas no mundo todo não têm acesso a água potável.
"Tudo o que você precisa fazer é arrancar uma folha, colocar em um suporte para filtro comum e despejar água de rios, riachos, poços etc, e, do outro lado, vai sair água limpa - e bactérias mortas também."
Isso porque as bactérias absorvem os íons de prata ou cobre enquanto atravessam o papel.
100 litros
Segundo os testes realizados pela cientista, uma página pode limpar até 100 litros de água. Um livro inteiro pode fornecer água limpa por quatro anos.
A pesquisadora já testou o papel em laboratório usando água contaminada artificialmente e, depois disso, fez exames em campo em países em desenvolvimento, com ONGs como Water is Live e a iDE.
Nos testes em países africanos e em Bangladesh, a contagem de bactéria nas amostras de água filtrada caiu em média mais de 99% e, na maioria das amostras, caiu para zero.
Leia mais: Inventor de filtro que absorve bactérias e agrotóxico recebe prêmio de inovação
"Depois que filtramos a água com o papel, mais do que 90% das amostras não tinham bactérias viáveis", afirmou.
"É muito animador ver que este papel não funciona apenas no laboratório, mas também demonstrou sucesso em fontes de água reais que as pessoas estão usando."
Desafio
Alguns locais de testes se tornaram grandes desafios para o papel criado por Dankovich: por exemplo, um córrego que recebia diretamente esgoto não tratado com alto nível de bactérias.
"Mas ficamos muito impressionados com o desempenho do papel, que conseguiu matar quase completamente as bactérias naquelas amostras. E elas eram bem nojentas, então pensamos - se (o material) conseguir fazer isso, provavelmente vai conseguir fazer muito."
Agora, Dankovich espera aumentar a produção do papel. Atualmente, a cientista e os estudantes que participam da pesquisa fazem tudo à mão.
O próximo passo seria também distribuir os livros para que moradores de áreas problemáticas usem os filtros sozinhos.
"Precisamos colocar isso nas mãos das pessoas para ver quais serão os efeitos. Não dá para fazer muito quando você é uma cientista trabalhando sozinha", afirmou.
Daniele Lantagne, engenheira ambiental da Universidade Tufts, nos Estados Unidos, afirmou que os dados coletados nos testes são promissores.
"Há muito interesse no desenvolvimento de novos produtos para tratamento de água", disse a engenheira à BBC.
Depois desses dois primeiros estágios de testes - no laboratório e em países da África e Ásia -, a equipe terá de desenvolver um "projeto de produto que possa ser comercializado" para um dispositivo no qual as páginas do "livro bebível" possam ser encaixadas.
Mas, há um problema, segundo Lantagne: o papel parece matar bactérias, mas ainda não se sabe se pode matar outros microorganismos perigosos.
"Quero ver os resultados para protozoários e vírus. É promissor, mas não vai salvar o mundo amanhã. Eles completaram uma fase importante e há mais (fases) para enfrentar", disse.
Para Kyle Doudrick, da Universidade de Notre Dame, no Estado americano de Indiana, é importante fazer com que as pessoas compreendam como usar os filtros e com que frequência eles precisam ser trocados. Mas o resultados dos testes são animadores.
"Em geral, de todas as tecnologias disponíveis - filtros de cerâmica, esterelização com raios UV e assim por diante - esta é promissora, pois é barata e é uma ideia cativante", disse.