sábado, 11 de junho de 2016

Como vetos à literatura ocorrem pela ação de gente culta

Historiador americano Robert Darnton mostra como censores discriminavam na França, Alemanha e Índia um texto refinado de um embuste literário.

Nem mesmo em 1989 havia alguém tão especializado em Iluminismo quanto o historiador americano Robert Darnton. Eis por que o Brasil o chamava a palestrar sobre o bicentenário da Revolução Francesa. Então aos 50 anos de idade, pai de três filhos, erudito de Harvard e Oxford, ex-repórter policial do New York Times, autor de livros escritos com a clareza dos dias, pesquisados nas profundezas dos arquivos, Robert Darnton mal podia crer em tudo aquilo que presenciava na capital paulista.

Seus habitantes eram cientes do mundo ao redor. Os raios de sol, constantes. Os discursos, inacreditavelmente bem compostos pelo candidato à Presidência Luiz Inácio Lula da Silva. A ascensão do Partido dos Trabalhadores causava profunda excitação em qualquer historiador. E que livrarias São Paulo tinha.

Em agosto daquele ano, Darnton pegaria na capital paulista um voo para Berlim. Convidado por um instituto de estudos avançados, escreveria ali, por um ano, mais uma monografia sobre seu assunto de imersão. Antes partiria para Halle, na então Alemanha Oriental, para um encontro acadêmico. “Eu havia saído do Brasil, que era a luz, para chegar às trevas”, conta a CartaCapital por telefone a partir de Harvard, onde hoje é professor aposentado e dirige sua biblioteca, a maior entre as universitárias em todo o mundo. “Eu estava, então, na profunda Alemanha Oriental, sob uma atmosfera diferente e fascinante, nas suas cidades em que tudo era poluído, chovia o tempo todo e não havia energia elétrica à noite.”

Nem por um momento imaginou, então, que a divisão entre dois sistemas políticos estivesse prestes a se esfacelar. “Queria poder dizer a você que eu sabia antecipadamente que o muro iria cair, mas não tinha a menor ideia”, diz sobre o evento a selar o fim da Guerra Fria. Enquanto estudava a revolução burguesa ocorrida dois séculos antes, uma transformação de fato se dava diante de seus olhos. “O chão começou a tremer. Eu saía, assistia às manifestações, conversava com os habitantes. Assim que o muro caiu, em novembro, interrompi meu livro e passei o tempo a viajar para Berlim Oriental e a escrever artigos sobre o que via.”

Interessou-se pelos arquivos do regime e descobriu que fora distinguido por eles. “Um amigo alemão oriental me contou, em 1992, que eu tinha meu próprio dossiê na polícia política Stasi, citado como um ‘jovem burguês progressista’. Nunca vi esse arquivo. Mas o xingamento me divertiu muito, me pareceu elogioso.” Enquanto pesquisava, descobria um universo inaudito.

Os alemães-orientais não apenas censuraram livros. Eles organizaram um imenso sistema para encaminhar a literatura a seus propósitos ditos revolucionários. Os censores discriminavam um texto refinado de um embuste literário. Quando censuravam, às vezes impossibilitando a carreira de um autor, agiam como professores, o que de fato eram, advindos dos melhores cursos de Letras.

Darnton entrevistou dois desses censores, empenhado em mantê-los próximos com simpatia, conforme lhe ensinara a prática jornalística. Sentiu-se incrédulo que ainda advogassem a permanência do muro, este que mantivera distante dos leitores a realidade do país, apenas descrita nos livros se transcorrida ficcionalmente em países capitalistas (os personagens alcoólatras, por exemplo, tinham de ser americanos). A Alemanha Oriental do período, dos móveis às vestimentas e aos comportamentos, foi descrita em perfeição, crê o historiador, no filme A Vida dos Outros, de Florian Henckel von Donnersmarck.

Censores em Ação, lançado agora no Brasil, é o livro em que Darnton analisa, além do sistema alemão-oriental, o sofisticado veto britânico à produção literária indiana, no século XIX, ocorrido até mesmo contra os ideais libertários de expressão defendidos na Inglaterra, e a censura aos livros na Paris dos anos 1700, quando toda publicação, caso não pudesse obter uma autorização real para se efetivar, deveria tentar a sorte em Amsterdã ou Genebra. Darnton estuda como o diretor do comércio de livros comandava uma cadeia de censores e, com o apoio da polícia, restringia a ação dos livreiros clandestinos.

“Havia um inspetor especializado em literatura na polícia francesa. Ele passava todo o tempo a andar pelas livrarias. Refazia a trilha dos autores, conhecia os iluministas.” Darnton gastou horas a entrevistar, por assim dizer, os inspetores da Paris de 250 anos atrás. “A polícia francesa do século XVIII era muito mais sofisticada do que a americana do século XX, quando comecei no jornalismo.” O historiador perdeu o pai enquanto ele cobria a Segunda Guerra Mundial para o New York Times.

“Órfão aos 3 anos, cresci com a ideia de que ser um repórter de jornal era a melhor coisa que jamais se poderia fazer na vida.” Seu irmão tornou-se jornalista, e sua mãe, igualmente editora daquele jornal, sofreu quando Darnton constatou que os arquivos, com os quais aprendera a lidar em Oxford, davam-lhe muito mais satisfação pessoal do que relatar assassinatos e assaltos a banco. “Eu fui a ovelha negra da família. Me tornei apenas mais um professor universitário.”

Um professor que escreve como jornalista, imbuído das palavras nítidas, e que se propôs a analisar uma ação patrocinada pelo Estado, como subscreve o entendimento da censura. Em seu livro, descreveu casos duros. Na Alemanha Oriental, o editor Walter Janka, apesar de leal à ideologia em curso no país, passou cinco anos em uma solitária, autorizado a ver a mulher por apenas duas horas ao ano, apenas porque protegera George Lukács, um autor que caíra em desgraça no partido.

Darnton, contudo, ressalva que, nos três sistemas por ele estudados, quem cortava textos sabia por que o fazia. Os censores franceses concentravam-se mais em questões de conteúdo e estética e menos em ameaças à Igreja, ao Estado e à moralidade. Um censor que era teólogo atestou certa vez que um livro sobre história natural lhe parecia uma ótima leitura. Ele não conseguiu largar o livro, disse, porque inspirava no leitor “essa curiosidade ávida, mas doce, que nos faz continuar a leitura”. Darnton pergunta-se: “Será essa a linguagem que se espera de um censor?”

Por todo o ensaio, o que o historiador parece desejar é que se desfaça uma ampla relativização do conceito (a seu ver, a censura jamais se dá fora do âmbito estatal) e que ela não seja entendida de modo maniqueísta. “Convenci-me, depois da leitura das correspondências e dos memorandos internos dos censores franceses, que se tratava de indivíduos altamente inteligentes. Tinham boas relações com os autores, melhoravam os textos com sugestões. Tentavam defender a honra da literatura francesa. A censura no século XVIII francês foi positiva. Com a ressalva, claro, de que o Iluminismo não passava pela censura, pois era editado em libelos ou em publicações fora da França.”

Darnton lamenta conhecer pouco a história latino-americana. Contudo, enquanto produz um novo ensaio, em torno do vendedor de livros que, montado a cavalo na França de 1778, realizou uma Tour de France por livrarias, sua releitura de cabeceira é O Aleph, de Jorge Luis Borges. O historiador reage com espanto ao saber que no Brasil os censores nunca foram muito inteligentes. E que, na ditadura, convocaram o filósofo Sófocles a depor sobre uma montagem de Antígone.

Leitor das notícias do Brasil a partir do New York Times, Darnton também ignorava que uma decisão do Legislativo impediu recentemente os professores de Alagoas de opinar em sala de aula e que a Justiça havia proibido os estudantes de uma universidade pública de Minas Gerais a discutir o impeachment. Mais que isso, uma censura de mercado, fundamentalista religiosa, dificulta a impressão de obras tidas por blasfemas, como ocorreu a Gênesis, de Robert Crumb. “Meu coração fica com os brasileiros, porque vivem essa crise tão grande. Só posso me solidarizar com eles.”


Por Rosane Pavam, na Carta Capital 


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Quatro livros que você não pode deixar de ler para compreender o que nos leva a ser o que somos:



1
A peça teatral juvenil “O mito de Sísifo” discorre sobre uma das mais belas lendas da mitologia greco-romana. 

Sísifo presenciou uma grande águia sobrevoando sua cidade. Conduzia nas garras a bela Egina, filha de Asopo, o deus-rio. 

A águia era a ave de rapina de Júpiter, o deus dos deuses. 

O rei de Corinto correu até o velho Asopo e com ele sacramentou um acordo: contaria o paradeiro da filha desde que o deus-rio presenteasse a cidade com uma fonte inesgotável de água pura e cristalina. 

Possesso, Júpiter ordenou que a morte fosse confiscar a alma de Sísifo. 

Considerado o homem mais sábio da terra, o rei de Corinto enganou a morte, aprisionando-a. 

Ainda mais colérico com a impetuosidade de Sísifo, Júpiter condenou-o a cumprir uma pena eterna, perpétua: rolar uma enorme rocha até o alto de uma montanha íngreme. E chegando ao cume do penhasco fazer a rocha descambar ladeira abaixo, obrigando Sísifo a recomeçar a estafante tarefa. Infinitas vezes, por toda a eternidade. 

Acompanhe esta lenda da mitologia greco-romana e surpreenda-se com o final da estória.

Para saber mais, aqui. 

2

A peça teatral juvenil “O mito de Midas” recorre à mitologia greco-romana para de lá resgatar uma estória que discorre sobre a ganância humana, um tema que desde a antiguidade clássica tem se mantido na ordem do dia. 

Midas, o rei da Frígia recebeu em seu reino um velho perdido e caindo de embriaguez. Um pouco mais tarde descobriu o forasteiro era Sileno, mestre e pai de criação de Baco, o deus do vinho e da fertilidade. 

O imperador da Frígia deu o melhor tratamento ao pai de Baco como estratégia para, depois, solicitar compensação do deus do vinho. E obteve o poder de, ao simples toque, transformar qualquer coisa em ouro. 

Adentre na peça teatral e descubra o epílogo e o sentido deste mito que desde os idos da Grécia antiga tem encantado a humanidade. 

Para saber mais, aqui.

3


Prometeu rouba dos deuses e entrega aos homens a capacidade de controlar o fogo. 

Assim inicia uma das mais pedagógicas e penetrantes lendas da mitologia clássica grega. 

Tema central da peça teatral juvenil “A caixa de Pandora”, o mito procura explicar a existência da mulher e dos vários males que assolam o mundo. 

Júpiter, o deus de todos os deuses, engendra um sofisticado plano para vingar a ousadia de Prometeu. 

Então o soberano dos deuses encerra em uma caixa todos os males físicos e espirituais que poderiam corromper os homens e o mundo. 

Quando a caixa é aberta são liberados as doenças e sentimentos que atormentariam a existência da humanidade para todo o sempre. 

Conheça esta lenda da mitologia greco-romana e compreenda as razões de ter chegado aos dias de hoje mantendo fascinante atualidade. 

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4


A peça teatral juvenil “O mito de Midas” recorre à mitologia greco-romana para de lá resgatar uma estória que discorre sobre a ganância humana, um tema que desde a antiguidade clássica tem se mantido na ordem do dia. 

Midas, o rei da Frígia recebeu em seu reino um velho perdido e caindo de embriaguez. Um pouco mais tarde descobriu o forasteiro era Sileno, mestre e pai de criação de Baco, o deus do vinho e da fertilidade. 

O imperador da Frígia deu o melhor tratamento ao pai de Baco como estratégia para, depois, solicitar compensação do deus do vinho. E obteve o poder de, ao simples toque, transformar qualquer coisa em ouro. 

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Dramaturgo, o autor transferiu para seus contos literários toda a criatividade, intensidade e dramaticidade intrínsecas à arte teatral. 

São vinte contos retratando temáticas históricas e contemporâneas que, permeando nosso imaginário e dia a dia, impactam a alma humana em sua inesgotável aspiração por guarida, conforto e respostas. 

Os contos: 
1. Tiradentes, o mazombo 
2. Nossa Senhora e seu dia de cão 
3. Sobre o olhar angelical – o dia em que Fidel fuzilou Guevara 
4. O lugar de coração partido 
5. O santo sudário 
6. Quando o homem engole a lua 
7. Anos de intensa dor e martírio 
8. Toshiko Shinai, a bela samurai nos quilombos do cerrado brasileiro 
9. O desterro, a conquista 
10. Como se repudia o asco 
11. O ladrão de sonhos alheios 
12. A máquina de moer carne 
13. O santuário dos skinheads 
14. A sorte lançada 
15. O mensageiro do diabo 
16. Michelle ou a Bomba F 
17. A dor que nem os espíritos suportam 
18. O estupro 
19. A hora 
20. As camas de cimento nu 

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AS OBRAS DO AUTOR QUE O LEITOR ENCONTRA NAS LIVRARIAS amazon.com.br: 

A – LIVROS INFANTO-JUVENIS: 

I – Coleção Educação, Teatro e Folclore (peças teatrais infanto-juvenis): 

II – Coleção Infantil (peças teatrais infanto-juvenis): 
Livro 8. Como é bom ser diferente 

III – Coleção Educação, Teatro e Democracia (peças teatrais infanto-juvenis): 

IV – Coleção Educação, Teatro e História (peças teatrais juvenis): 

V – Coleção Teatro Greco-romano (peças teatrais infanto-juvenis): 

B - TEORIA TEATRAL, DRAMATURGIA E OUTROS
VI – ThM-Theater Movement: