Por Jochen Kürten , na Deutsche Welle
A estreia mundial de Ponte dos Espiões, o novo filme do cineasta americano Steven Spielberg, terminou com uma ovação de pé durante o 53° Festival de Cinema de Nova York, no início deste mês.
Será interessante observar como o grande público americano vai reagir após a chegada do filme aos cinemas do país nesta sexta-feira (16/10). No Brasil, o longa está previsto para estrear em 22 de outubro. Na mídia americana, Ponte dos Espiões já é considerado um forte candidato ao Oscar de 2016.
A reação da imprensa após a pré-estreia já foi muito positiva. A revista especializada The Hollywood Reporter elogiou, dizendo tratar-se de um "melodrama otimista sobre a Guerra Fria". Por sua vez, o jornal New York Post prognosticou várias indicações ao Oscar. OIndependent também reagiu com entusiasmo. A revista Variety enalteceu principalmente a atuação de Mark Rylance, que faz o papel de uma agente do serviço secreto soviético KGB.
Orçado em 40 milhões de dólares, o filme marca o reencontro de Spielberg com Tom Hanks. Os dois trabalharam juntos pela última vez em O Terminal, de 2004.
O elenco também conta com o ator alemão Sebastian Koch, conhecido por sua participação em filmes como A vida dos outros e Operação Valquíria. No ano passado, ele passou semanas filmando em locações originais no país: em Berlim e Potsdam, em Brandemburgo, como também nos estúdios de cinema Babelsberg.
Um diretor entre a ficção e a história
Em sua longa e bem-sucedida carreira, Spielberg já produziu muito medo e terror, com seres cinematográficos fantásticos, como um tubarão branco e dinossauros gigantescos. Ele elaborou criaturas bizarras, mas absolutamente meigas como E.T., mas mostrou também o realismo nas telas: em A lista de Schindler, ele aborda Auschwitz e o Holocausto; em O resgate do soldado Ryan, o avanço dos Aliados sobre a Alemanha nazista.
Em Ponte dos Espiões, os espectadores vão reencontrar esse Spielberg "realista". Mesmo que a história contada pelo diretor possa parecer à plateia de hoje algo inimaginável, ela é baseada em fatos verídicos da Guerra Fria.
Ponte dos Espiõesdescreve o abate de um avião de reconhecimento americano do tipo U-2 por um míssil russo, sobre a União Soviética em 1960. Milagrosamente, o piloto Francis Gary Powers conseguiu se salvar a 20 mil metros de altura. Os acontecimentos se espalharam rapidamente por todas as partes do planeta, tirando o fôlego das pessoas no auge da Guerra Fria.
Trocas de agentes entre o Leste e o Ocidente, como esta em 1986, aconteceram várias vezes na Ponte de Glienicke
Sucesso de propaganda soviético
Os americanos já haviam relatado a morte de seu piloto quando os soviéticos, pouco depois, anunciaram ter prendido Powers: um tremendo sucesso de propaganda para os comunistas. Inicialmente, a tentativa de libertá-lo através de negociações fracassou.
É neste ponto que entra o filme de Spielberg. Em Berlim Oriental, o advogado nova-iorquino James B. Donovan (Tom Hanks) entra em contato com autoridades da Alemanha comunista e com agentes russos. Ele se encontra com o negociador alemão-oriental Wolfgang Vogel, interpretado por Sebastian Koch. Finalmente, as negociações são bem-sucedidas, porque a superpotência EUA também tinha algo a oferecer em troca: o superespião soviético Rudolf Abel, que na época se encontrava preso pelos americanos.
Numa memorável permuta de agentes, em 1962, Powers e Abel trocam de lados na Ponte de Glienicke. A partir dali, a ponte se tornou palco de novas trocas. A construção que liga as cidades de Berlim e Potsdam entrou para a histórica como "ponte dos espiões", fato agora consagrado com a produção hollywoodiana.