A escritora, que obteve o grande reconhecimento literário em 1991, morre em Joanesburgo
Do El País
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A escritora Nadine Gordimer, vencedora do Prêmio Nobel de Literatura em 1991, morreu ontem, domingo à tarde, aos 90 anos em sua casa deJoanesburgo, como confirmou hoje a família da autora à mídia sul-africana. Em seus últimos momentos, a escritora estava acompanhada de filhos Hugo e Oriane. Gordimer, nascida em Springs, uma localidade próxima a Joanesburgo em 20 de novembro de 1923, era considerada uma das grandes autoras do país. Foi uma das vozes mais poderosas contra o apartheid e defendeu seu compromisso “de devolver a dignidade à população negra sul-africana”.
Ao longo de uma prestigiosa carreira, escreveu 15 romances e uma dezena de relatos curtos. Entre seus títulos destacam-se My son’s story,A world of strangers e The conservationist (ainda não publicados no Brasil). Ao entregar-lhe o Nobel, o júri do prêmio destacou que “por suas magníficas obras épicas, Gordimer prestou importantes serviços à humanidade”. E em seu discurso ela afirmou: “O homem é o único animal com capacidade de observar a si mesmo e que foi dotado com a dolorosa capacidade de sempre querer saber por quê. E isso não é só a grande questão ontológica de por que estamos aqui, por meio de que religiões ou filosofias procuramos a resposta final que povos diferentes em tempos diferentes têm se formulado, mas a de que desde que o ser humano começou essa observação de si mesmo procurou também a explicação dos fenômenos cotidianos, como a procriação, a morte, a mudança das estações”.
A autora também recebeu um grande número de prêmios e distinções, entre eles 15 doutorados honoris causa de universidades como Yale, Harvard, Columbia, Cambridge, Lovaina (na Bélgica) e Cidade do Cabo. Publicou seu primeiro conto em uma revista sul-africana aos 15 anos. E em 1949, cerca de 10 anos depois, editou uma coleção de contos, Face to face. O primeiro romance, The lying days, por sua vez, é de 1953.
Em uma entrevista a este jornal no ano passado, ela dizia que nunca tinha sido uma escritora política, “mas a política está em meus ossos, em meu sangue, em meu corpo”. “Sou velha, talvez com espírito forte, mas com a carne frágil. Melhor falarmos de outra coisa”, afirmou ao ser perguntada sobre como se sentia.